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Pesquisadores da UFMA descobrem propriedades ativas em óleos essenciais para o combate à dengue

publicado: 07/03/2024 10h12, última modificação: 26/03/2024 11h40
Pesquisadores da UFMA descobrem propriedades ativas em óleos essências para o combate à dengue

Na busca por alternativas que contribuam para o combate ao mosquito Aedes aegypti, pesquisadores do curso de Química Industrial da UFMA descobriram uma nova abordagem para combater a dengue, utilizando óleos essenciais. A pesquisa, intitulada "Avaliação da atividade ovicida, larvicida e adulticida frente ao Aedes aegypti de formulações bioativas dos óleos essenciais de Alpinia zerumbet, Dysphania ambrosioides e Syzygium aromaticum", foi conduzida por Thaylanna Pinto de Lima, aluna de Química Industrial, sob a orientação do professor Victor Elias Mouchrek Filho e do supervisor de pesquisa e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Química, Gustavo Oliveira Everton, e realizada no Laboratório de Pesquisa e Aplicação de Óleos Essenciais (LOEPAV-UFMA).

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), o estudo revela que o uso de formulações bioativas dos óleos essenciais para fins medicinais é altamente significativo devido à sua ampla aplicabilidade e eficácia no combate ao Aedes aegypti. A pesquisa oferece uma nova perspectiva no controle e na prevenção da doença de forma ecológica e de baixo custo.

“Os óleos essenciais são produtos extraídos naturalmente de espécies medicinais vegetais que apresentam como grande vantagem o seu amplo potencial de aplicação, baixo custo, biodegradáveis, ecologicamente seguros. Dessa forma, entram em comparação direta aos sintéticos já utilizados que têm como consequências a toxicidade ao meio ambiente e alta resistência da espécie Aedes aegypti. Como desvantagem, os óleos essenciais na sua forma in natura têm rápida volatização, que foi otimizada nesse estudo por meio da incorporação desses óleos essenciais em formulações bioativas”, explicam os pesquisadores.

Os ovos foram coletados em São Luís, Maranhão, utilizando armadilhas conhecidas como ovitrampas, que consistem em baldes de polietileno marrom (500 ml) contendo 1 ml de levedura de cerveja e 300 ml de água corrente, com duas palhetas de Eucatex para atrair a ovoposição do mosquito. As armadilhas foram inspecionadas semanalmente para substituir as palhetas e recolher os ovos, os quais foram enviados para o Laboratório de Pesquisa e Aplicação de Óleos Essenciais (LOEPAV-UFMA). Os ovos foram agrupados para ensaios de mortalidade frente às formulações produzidas em concentrações de 10-100 ppm, com avaliação da exposição a cada 24 horas.

Os principais óleos essenciais estudados foram jardineira, mastruz e cravo-da-índia, os quais foram transformados em formulações bioativas capazes de controlar e combater o mosquito Aedes aegypti em todas as suas principais fases de vida (ovo, larva e mosquito adulto). Observou-se uma ação efetiva principalmente na fase larval, causando mortalidade de 100% das larvas em todas as concentrações testadas. É importante destacar que mesmo as larvas sobreviventes em alguns ensaios apresentaram danos que resultaram em seu baixo tempo de vida em fases posteriores.

De acordo com os pesquisadores, para utilizar produtos naturais, é crucial ter uma formulação bioativa para o controle de tais vetores. Portanto os óleos essenciais podem atuar nos diferentes ciclos do mosquito, possuindo ação ovicida, larvicida e adulticida, ou seja, causando mortalidade em todas as fases da espécie. Essas atividades estão relacionadas a compostos químicos naturais presentes nesses óleos essenciais.

Para o professor orientador, Victor Elias Mouchrek Filho, é fundamental investir na descoberta de novos materiais e métodos sustentáveis de combate à doença de larga escala. “Tendo em vista o crescimento da doença e os prejuízos causados pela dengue no país, torna-se de suma importância a descoberta de novos materiais e desenvolvimento de métodos de combate ao seu vetor. Dessa forma, pelo fato de muitas plantas, por natureza, serem tóxicas para os mosquitos, os óleos essenciais podem representar uma saída eficiente para esse problema. Atualmente, o controle é feito por meio de aplicações de inseticidas organofosforados e piretróides. Porém o uso frequente e em doses cada vez maiores desses produtos tem evidenciado os principais problemas devido ao seu uso: o aparecimento de populações resistentes de mosquitos a esses produtos e os danos ambientais provocados por seu uso intensivo. Em virtude da importância econômica que essas doenças causam, juntamente com a necessidade de métodos alternativos mais seguros às populações e ao meio ambiente, tem-se promovido uma crescente aplicação de óleos essenciais com efeito larvicida, aliado às vantagens tais como: baixa toxicidade, menor potencial de resistência, rápida degradação no ambiente, maior segurança para os aplicadores e consumidores, faz com que haja uma maior necessidade na continuidade de pesquisas utilizando os produtos naturais em substituição aos produtos sintético”, assegura.

Thaylanna Pinto de Lima avalia a pesquisa como relevante para as políticas públicas de saúde em casos sobre a dengue. “A pesquisa surgiu por causa da necessidade do combate e controle dos crescentes casos de arboviroses tanto no Estado do Maranhão como no Brasil visando trazer uma alternativa sustentável e economicamente viável frente ao Aedes aegypti. Desse modo, a importância dessa pesquisa seria o controle e combate do mosquito Aedes aegypti, ajudando assim na diminuição de casos de Dengue, Zyka e Chikungunya em todo o território nacional, trazendo assim uma perspectiva alternativa para o controle e combate de forma ecologicamente segura e economicamente viável”, defende.

Sobre os próximos avanços na pesquisa acerca do uso de óleos essenciais para o controle da dengue, os pesquisadores revelam um estudo em uma escala mais ampla. “A pesquisa apresentou um forte potencial promissor para investimento de produtos em nível local, regional, nacional e mundial. Brevemente, pretendemos iniciar os testes em larga escala com os devidos apoios a serem disponibilizados para tal. De forma calculada, testar os produtos em larga escala será um grande desafio, mas, se os devidos resultados efetivos forem observados, poderemos, futuramente, apresentar uma efetiva forma de controle do Aedes aegypti em níveis de altas populações, visto que o papel do controle de vetores em Saúde Pública é prevenir a infecção mediante o bloqueio ou redução da transmissão”, concluem.

Por: Sarah Dantas

Revisão: Jáder Cavalcante 

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