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Pesquisadores da UFMA avaliam vulnerabilidade portuária por influência das mudanças climáticas no Complexo Portuário do Itaqui

publicado: 06/12/2023 10h57, última modificação: 06/12/2023 22h14
Pesquisadores da UFMA avaliam vulnerabilidade portuária por influência das mudanças climáticas no Complexo Portuário do Itaqui

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) completará, em 2026, seis décadas de formação profissional e produção científica e tecnológica para o desenvolvimento econômico, ambiental e social do país, vocação que avança na ilha e no continente. Neste mês, pesquisadores e bolsistas do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Instituição (Deoli-UFMA) apresentaram os resultados de um novo estudo que avaliou a vulnerabilidade portuária por influência das mudanças climáticas no Complexo Portuário do Itaqui (CPI).

Com o tema “Desenvolvimento de um Sistema de Modelagem Oceano- Atmosfera-Ondas nos domínios da PCMA–GM–BSM para análise dos impactos nas mudanças climáticas e áreas vulneráveis à inundação e agitação marítima no Complexo Portuário do Itaqui”, o estudo, coordenado pela professora Claudia Klose Parise, destacou os principais resultados encontrados até o momento, durante o seminário “Programa de Inovação do Porto do Itaqui”, realizado na semana passada pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP). A pesquisa define ainda ações estratégicas para o fortalecimento do modal hidroviário estadual.  

Parceria Institucional 

Com o apoio do Porto do Itaqui-Governo do Maranhão, o trabalho é uma realização do Laboratório de Estudos e Modelagem Climática (Laclima-UFMA) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema). A vice-coordenação da pesquisa é do professor João Luiz Baptista de Carvalho. Participam os bolsistas do projeto: Heitor Perotto, Pós-Doc e Doutor em Geociências pela UFRGS; Laisa Soares, Mestra em Oceanografia pela UFMA, e Michelly Queiroz, graduada em Oceanografia pela UFMA. 

Resultados

Passado um ano de desenvolvimento do projeto de pesquisa, que tem duração de dois anos, o grupo já implementou o modelo de ondas SWAN nas três grades aninhadas, além dos modelos de circulação oceânica ROMS e de circulação atmosférica WRF na grade maior. Eventos extremos de ondas oceânicas superficiais de gravidade na região do Golfão Maranhense da ordem de 2,32m foram identificados nas séries de dados simulados.

A professora Claudia Parise informou que a pesquisa, além de propor a regionalização de cenários de clima futuro do IPCC, também tem desenvolvido uma revisão sistemática sobre estudos de vulnerabilidade às mudanças climáticas em portos, visando à proposição de um Índice de Vulnerabilidade Portuária (Port Vulnerability Index – PVI) para mapear as áreas portuárias do CPI vulneráveis às mudanças climáticas.

“O estudo identificou as variáveis ambientais que influenciam na vulnerabilidade portuária relativa às mudanças climáticas e também definiu a relevância de cada variável para a criação de um índice para o Complexo Portuário.”, disse Claudia Parise.

 

Variáveis

Até o presente momento, as variáveis mais relevantes utilizadas nas publicações foram:

1.    Ondas que podem impactar na segurança das operações portuárias e na estabilidade das embarcações.

2.    Estruturas como quebra-mares e molhes são projetadas para minimizar o impacto das ondas, proporcionando águas mais calmas dentro do porto.

3.    Flutuações no nível do mar, devido a fatores como marés, tempestades ou mudanças climáticas, podem influenciar a acessibilidade do porto. A gestão do nível do mar é crítica para evitar inundações e danos às infraestruturas portuárias.

4.    O vento pode impactar a movimentação das embarcações, a atracação e a segurança das operações portuárias. Portos implementam medidas para mitigar os efeitos do vento, como sistemas de amarração eficazes e a utilização de rebocadores quando necessário.

5.    A erosão/acreção costeira pode representar uma ameaça às infraestruturas portuárias, incluindo cais, docas e terminais. Para evitar danos, são implementadas medidas de proteção, como quebra-mares, enrocamentos e diques, que ajudam a dissipar a energia das ondas e reduzir a erosão.

6.    A maré influencia diretamente a profundidade da água em um porto. Em momentos de maré alta, a entrada e saída de navios podem ser facilitadas, enquanto, em maré baixa, embarcações podem encontrar restrições de profundidade. Portos muitas vezes ajustam suas operações de acordo com o ciclo de marés.

7.    Chuvas intensas podem levar a enchentes e afetar as operações portuárias. A drenagem eficiente é essencial para lidar com o excesso de água. Além disso, a coleta e o gerenciamento de águas pluviais são considerações importantes para a sustentabilidade ambiental.

8.    Infraestruturas portuárias devem ser projetadas para lidar com elevações do nível do mar devido às mudanças climáticas. Isso inclui a elevação de cais e docas, bem como a implementação de medidas de proteção costeira, como barreiras e diques, para evitar inundações.

9.    Correntes marinhas podem afetar a navegação, especialmente em canais estreitos e áreas de manobra. A compreensão das correntes é crucial ao planejar a localização de portos e ao determinar rotas seguras para navios.

A pesquisa mostrou ainda que zonas costeiras de baixas altitudes, como ocorre no litoral maranhense, são extremamente vulneráveis e expostas a inundações, pelo aumento do nível do mar e que os portos enfrentam uma série de vulnerabilidades, ocasionadas tanto pela terra quanto pelo mar, devido às suas localizações peculiares, segundo concluiu a professora Claudia Parise.

Vale lembrar que apenas 6% dos portos em todo mundo apresentam medidas de adaptação a eventos costeiros e climáticos, segundo Hanson e Nicholls, 2020.

 

Por: Paulo Washington Reis

Fotos: Deoli-UFMA

Revisão: Jáder Cavalcante

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