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Pesquisa da professora de Artes Cênicas Marineide Câmara encontra e reúne documentos históricos do Teatro Arthur Azevedo

publicado: 24/06/2022 15h20, última modificação: 25/06/2022 15h18
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Documentos históricos do Teatro União, atual Teatro Arthur Azevedo (TAA), o segundo mais antigo do Brasil, foram encontrados durante as pesquisas da professora Marineide Câmara Silva, do curso de Teatro da UFMA. Os documentos fazem parte das investigações desenvolvidas durante o doutorado em Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em Portugal.

A tese, intitulada “Memória dos desacontecimentos do Teatro no Maranhão do século XIX”, foi desenvolvida com fomento de bolsa doutorado-exterior da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema). Iniciado em 2018, o trabalho tem por objetivo abordar a trajetória do Teatro União e, para isso, foi realizada uma investigação documental ocorrida em Portugal e no Brasil.

Em terras lusitanas, houve consultas no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), onde foram encontrados registros dos contratos entre empresários e artistas que formaram o elenco do Teatro União, além de buscas no HTPonline - Documentos para a História do Teatro em Portugal, em que foram encontrados folhetos. Também foi feita pesquisa no Arquivo da Marinha de Portugal. Já no Brasil, a pesquisa investigou os arquivos digitais do Projeto Resgate, do Arquivo Público do Estado do Maranhão, da Biblioteca Pública Benedito Leite, dos acervos da Biblioteca Nacional (BN) no Rio de Janeiro, do Arquivo Público do Estado do Pará, da Hemeroteca da Biblioteca Arthur Viana, entre outros.

Durante as investigações na Biblioteca Nacional, foram encontrados os documentos relativos ao projeto inicial da edificação. “Encontramos documentações inéditas e de imensurável importância para a história do Teatro, hoje denominado Arthur Azevedo. Entre os documentos, está o inédito projeto arquitetônico do Teatro da União, composto por duas plantas do edifício, uma seção longitudinal direita e sua fachada frontal. Acompanham, ainda, três requerimentos do empresário Eleutério para Dom João VI e Dom Pedro I, todos salvaguardados na BN e desconhecidos no Maranhão e no Brasil. Houve imensa dificuldade para obter as cópias digitalizadas desses registros em decorrência da pandemia de covid-19. A instituição suspendeu, em novembro de 2020, o atendimento presencial e as solicitações on-line. Somente em dezembro de 2021, a BN retornou à normalidade e atendeu à solicitação relativa aos supracitados manuscritos”, relatou.

Segundo a docente, o rico corpus documental coletado possibilita outras leituras sobre a arte cênica maranhense. “A pesquisa, por esses arquivos, resultou na formação de um rico corpus documental que, em sua totalidade, diz respeito ao percurso do Teatro e dos agentes relacionados a ele. Sua importância consiste na possibilidade da apresentação de outras perspectivas, outros ângulos não explorados pela narrativa cristalizada, à luz das fontes recém-descobertas, além dos jornais e folhetos do século XIX, contribuindo para a ampliação das escassas discussões sobre o teatro no Maranhão oitocentista”, pontuou Marineide Câmara.

Teatro Arthur Azevedo: 205 anos de história

Neste mês, o TAA comemora 205 anos de fundação, e redescobrir parte de sua história é um presente garantido pela Universidade Federal do Maranhão. Um dos objetivos da Instituição é impactar a realidade social, por meio de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, e, como parte do retorno à sociedade com o trabalho realizado pela professora Marineide Câmara, foi realizado, no dia 21 de junho, um encontro solene no palco do Teatro Arthur Azevedo para a entrega oficial de documentos oriundos da pesquisa.

Para o ator, produtor cultural e diretor do TAA, Victor Silper, os documentos representam um marco para pensar a historiografia do Teatro. “A chegada desses documentos vem oxigenar as nossas estruturas a ponto de nós vislumbrarmos um núcleo de pesquisa e de memória dentro do Teatro, para que possamos não só salvaguardar documentos, mas também abrigar grupos de pesquisa, democratizar o acesso e utilizar esses documentos em processos educativos”, ponderou.

A solenidade contou com a presença da diretora da Biblioteca Pública Benedito Leite, Aline Nascimento; da diretora do Museu Palácio dos Leões, Ana Carolina Medeiros; do diretor científico da Fapema, João Batista Bottentuit; do chefe da Divisão de Arquivo do Tribunal de Justiça do Maranhão, Christofferson Melo; e de artistas e pesquisadores locais.

Saiba mais

A docente Marineide Câmara Silva é licenciada em Educação Artística, com habilitação em Artes Cênicas pela UFMA. É especialista em Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas pela Universidade de Brasília (UnB). Publicou, em 2016, o livro “Mediações tecnológicas: da cena à formação docente em teatro”, fruto de suas pesquisas no Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação Cultura e Sociedade (PGCult) da UFMA.

É professora efetiva do curso de Licenciatura em Teatro, pesquisadora do Laboratório de Tecnologias Dramáticas (LabtecDrama) e doutoranda do Programa de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Atua e desenvolve pesquisa principalmente sobre temas relacionados à historiografia do teatro e à formação docente em teatro.

Por: Alan Veras

Produção: Marcos Paulo Albuquerque

Fotos: Camila Vieira

Revisão: Jáder Cavalcante

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