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CIÊNCIA NA UFMA

Grupo de pesquisa de Saneamento e Geotecnia Ambiental da UFMA de Balsas constrói panorama do saneamento básico da Mesorregião do Sul do Maranhão

publicado: 09/07/2024 19h43, última modificação: 10/07/2024 08h59
Grupo de pesquisa de Engenharia Ambiental da UFMA de Balsas constrói panorama do saneamento básico da Mesorregião do Sul do Maranhão

Buscando construir um panorama do saneamento básico da Mesorregião do Sul do Maranhão, o grupo de pesquisa em Saneamento e Geotecnia Ambiental do curso de Engenharia Ambiental do Centro de Ciências de Balsas (CCBL), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mapeia as áreas mais frágeis no saneamento e identifica os setores que necessitam de maior atenção.

A pesquisa é coordenada pelo professor Cláudio Luís de Araújo Neto, do curso de Engenharia Ambiental da UFMA, com a participação das professoras Amanda Paiva Farias e Carla Caroline Alves Carvalho. Também participam a bolsista PIBIC-FAPEMA Jarleane Pereira da Costa, as alunas de BICT Ellen Raissa Lima Passos e Eliza Vitória Silva de Melo, além dos mestrandos do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGC&TAmb) Diana Silva de Araújo e Allan Almeida Bastos.

O grupo examina a situação dos quatro segmentos do saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem urbana) nos municípios da Mesorregião do Sul do Maranhão, analisa a qualidade dos serviços de saneamento básico e avalia a percepção dos usuários em relação a esses serviços. A coleta de dados começou em 2023 e está prevista para ser concluída em 2024.

A Mesorregião do Sul Maranhense é composta por treze municípios, divididos em três microrregiões: Porto Franco — incluindo as cidades de Carolina e Estreito; Balsas — abrange os municípios de Alto Parnaíba, Riachão e Tasso Fragoso; e Chapada das Mangabeiras — compreende as cidades de Benedito Leite, Fortaleza dos Nogueiras, Loreto, Sambaíba, São Félix de Balsas e São Raimundo das Mangabeiras. Portanto a investigação é realizada nesses municípios.

Indicativos da pesquisa – Estudos recentes indicam que o Nordeste é a região que mais sofre com a falta de saneamento básico, considerando cinco categorias: privação de acesso à rede geral de água, frequência insuficiente de fornecimento de água potável, disponibilidade de reservatório, privação de banheiro e privação de coleta de esgoto. No Maranhão, os índices são especialmente preocupantes, com quase 3 milhões de pessoas sem acesso à rede de água e cerca de 5 milhões sem acesso à rede de coleta de esgoto.

Para obter um panorama abrangente da região sul do estado, o grupo realizou uma busca de informações no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Foram verificados indicadores relacionados ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de resíduos sólidos e drenagem urbana. Além dessa consulta, também foi realizada a coleta de dados nos municípios da mesorregião para obter informações não disponíveis no SNIS, que foram estabelecidas como indicadores de saneamento básico nesse estudo.

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com as entidades responsáveis pela prestação de serviços de saneamento básico em cada município, permitindo identificar as dificuldades enfrentadas. Complementando o panorama, os indicadores do saneamento também serão avaliados pelos usuários dos serviços e será distribuído em todos os municípios que compõem a área de estudo em questionário digital para coleta dos dados.

Ao final das etapas anteriores, o grupo entrará em contato com os governantes e/ou instituições estaduais responsáveis pela prestação de serviços de saneamento para reunir informações adicionais. Com base nas diferentes percepções obtidas, será construído um panorama abrangente do saneamento em cada município.

O coordenador da pesquisa, Cláudio Luís, destaca que alguns resultados do estudo já foram divulgados. Os achados da pesquisa revelam deficiências na prestação desses serviços pelos municípios, que, muitas vezes, não fornecem dados ao governo federal, resultando em disposição inadequada de resíduos e contaminação ambiental. “Esses resultados, inclusive, já estão sendo divulgados. Claro, de forma paulatina. Tivemos a apresentação de alguns trabalhos científicos em eventos, inclusive, um desses trabalhos foi premiado na semana acadêmica, realizada aqui no Câmpus de Balsas, como o melhor trabalho em apresentação oral, realizado pela aluna Ellen, que iniciou a escrita desse artigo científico, apresentou e recebeu essa premiação. E, de forma geral, foi possível verificar que a questão de drenagem urbana é deficiente aqui na região sul. Mas, muitas vezes, os municípios não fornecem esses dados na plataforma do governo federal, logo compreendemos que, quando não há essa informação, é porque, provavelmente, não há essa prestação de serviço. No eixo de resíduo, é preciso também que os municípios se adaptem e atendam à política nacional de resíduos sólidos, fazendo não só a disposição adequada dos resíduos, como também obedecendo a toda a gestão que está prevista, até porque a nossa região aqui não tem sequer um local para disposição de resíduos adequadamente. A última etapa seria a destinação final ambientalmente adequada, como um aterro sanitário. No entanto esses municípios não têm locais adequados para dispor os resíduos, o que é muito preocupante, pois acabam sendo dispostos de forma inadequada, contaminando o solo, a água e a atmosfera”, explica.

O professor ainda defende a importância da pesquisa como um serviço que poderá auxiliar a gestão de cada município no que tange às questões de saneamento básico.  “Na verdade, esse documento pode ser um elemento norteador, podendo orientar e auxiliar na decisão dos gestores, pois eles terão conhecimento do município deles, como está a situação e qual eixo do saneamento precisa de uma maior atenção. Esse panorama será fundamental para nortear e direcionar as gestões de saneamento em cada um desses municípios”, frisa.

Sobre o recorte da pesquisa, Cláudio destaca a importância da interiorização no desenvolvimento de projetos e trabalhos de iniciação cientifica fora do eixo da capital.  “Tem dimensões, assim, bem desafiadoras em termos de gestão, mas é fundamental esse fomento à pesquisa, a pesquisa no interior do Estado. Primeiro, para incentivar a ciência, de forma homogênea no Estado, e também para conhecer, tem muito a ser descoberto aqui no nosso Estado. Na região sul, é necessário bastante investimento em pesquisa e em investigação científica para que possamos conhecer e explorar, da melhor forma possível, os potenciais que temos em nossa região. Apenas por meio da pesquisa, por meio da ciência, conseguiremos atingir esses objetivos. Esse fomento é fundamental”, coloca.

A pesquisa ainda está em andamento, mas os resultados preliminares já renderam premiações e publicações, como, por exemplo, no 3° Congresso Internacional de Engenharia Ambiental

Por: Karina Soares

Produção: Sarah Dantas

Revisão: Jáder Cavalcante

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