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Graduanda de Psicologia aborda a afetividade e a saúde mental na pandemia em artigo

publicado: 01/04/2021 15h08, última modificação: 01/04/2021 15h10

“A pandemia causada pelo novo coronavírus é a maior emergência de saúde pública enfrentada mundialmente na última década. O que traz preocupações tanto quanto nossa integridade física, no campo biológico, pela delimitação causada pela doença, como no campo psicológico, o que é perceptível em pesquisas, noticiários, e próximo de nós, como amigos, familiares, nossa comunidade”, conta Juliana Mota, estudante de Psicologia da UFMA e autora do artigo “A importância da afetividade em tempos de pandemia: algumas reflexões à luz da perspectiva humanística”. O trabalho argumenta sobre os impactos da pandemia da covid-19 no bem-estar mental da sociedade e as implicações do isolamento social como o “novo normal” em um momento de crise sanitária e psicológica.

Um ano de isolamento social

No início de março de 2020, o governador Flávio Dino (PCdoB) decretou a primeira medida protetiva contra a pandemia da covid-19: a suspensão de aulas nas universidades públicas do Maranhão. Após um ano, novas medidas foram adotadas e o caso está mais sério: o estado contabiliza 242 mil casos da doença e seis mil mortes. O medo coletivo e o estresse contribuem para uma baixa da saúde mental, explica Juliana.

“Nesse ‘o novo normal’, diversas pesquisas no campo psicológico demonstram que houve um aumento significativo de vivências de sintomas compatíveis com ansiedade, estresse, depressão, entre outros, decorrentes da privação social e do confinamento, e das incertezas frente à essa situação”, argumenta a estudante.

Essa baixa no bem-estar mental é sintoma, também, da crise socioeconômica. “Podemos pensar no desemprego, na violência, na ‘ociosidade’ que para algumas pessoas é adoecedor, no temor pelo risco de adoecimento e morte, nas dificuldades em acesso a bens essenciais como alimentação, medicamentos, e etecetera”, define Juliana.

Ela prossegue mencionando que na visão de mundo humanística e da concepção do homem como um todo biopsicossocial, é necessário compreender que, ao se falar sobre saúde mental, se está falando também sobre autocuidado, sobre alimentação, sobre violência, sobre educação, sobre saúde, sobre qualidade de vida.

Medidas para a preservação do bem-estar mental

A afetividade e o autocuidado se apresentam como fatores de amortecimento dos impactos do isolamento social. O estudo da afetividade durante a pandemia é uma reflexão sobre a possibilidade de extrair o melhor das experiências, ainda que com dificuldades.

“A importância dos afetos é inegável, no entanto, como consequência das atividades humanas, as relações sociais e nossas rotinas tem sofrido alterações significativas. A pandemia expôs de forma cruel o papel fundamental da afetividade em nossa vida, a forma como nos relacionamos com as pessoas, exercendo o autocuidado e mantendo o cuidado com o outro. Percebendo-nos como seres individuais, com nossos próprios medos e angústias, mas também como integrantes coletivos. Estando todos no mesmo barco, mas distantes fisicamente”, completa.

A graduanda se baseia na teoria do psicólogo Carl Rogers (1902-1987) para tratar da aceitação e da significação das experiências. “Rogers nos dá uma sugestão de posicionamento nesse momento, enfatizando que só podemos mudar nossa situação se aceitarmos o que somos e o que estamos vivendo, estabelecer relações reais, que serão mais significativas, por serem verdadeiras”, explica.

Expressões criativas das emoções como o teatro, a dança, a música e a arte são recomendadas por Juliana como meios de driblar o mal-estar psicológico. “Técnicas e abordagens corporais, em que massagem, toque, sensações, dança e movimento, catarses expressivas de cólera, choro, riso, vômito, grito, instrumentalizam o crescimento psíquico e a maior vivência de si”, conclui.

Por: Andressa Algave

Produção: Laís Costa

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