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Docente da pós-graduação em Biodiversidade e Conservação participa de estudo publicado na Nature sobre florestas tropicais

publicado: 23/03/2023 12h13, última modificação: 24/03/2023 10h08
A pesquisa usou dados das três maiores florestas tropicais do mundo

Celso Silva Júnior, professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC) da UFMA, colaborou com o estudo “The carbon sink of secondary and degraded humid tropical forests”, publicado na revista internacional Nature, na quarta-feira, 15. O artigo descobriu que a perda de carbono florestal devido ao desmatamento e à degradação, ações causadas por seres humanos, estão superando rapidamente as taxas atuais de recuperação das florestas tropicais.

O estudo é liderado pela docente Viola Heinrich, da Universidade de Bristol, do Reino Unido. De acordo com Celso Silva, as florestas tropicais são ecossistemas vitais na luta contra as mudanças climáticas, por isso os pesquisadores quantificaram as taxas de recuperação de estoques de carbono acima do solo usando dados de satélite das três maiores florestas tropicais do mundo: Amazônica, da África Central e Bornéo, ilha localizada no sudeste Asiático.

Os resultados mostram que as florestas degradadas — que se recuperaram de ações humanas como queimadas e a extração seletiva de madeira — e as florestas secundárias — que crescem em áreas anteriormente desmatadas — removem da atmosfera anualmente 107 milhões de toneladas de carbono, na região tropical.

Esses dados demostram o importante valor do carbono na conservação das florestas em recuperação em todos os trópicos do planeta, mas essa quantidade de carbono absorvido no crescimento dessas florestas foi suficiente apenas para equilibrar cerca de 26% das emissões de carbono atuais devido ao desmatamento e à degradação das florestas tropicais.

A equipe de pesquisadores também identificou que cerca de um terço das florestas degradadas por ações humanas foram novamente desmatadas, agravando mais a vulnerabilidade da captura de carbono por elas.  

O professor Silva falou que, além de proteger as florestas maduras que ainda não sofreram os impactos negativos devido a ações humanas, é necessário somar esforços para garantir a restauração das florestas que foram desmatadas ou degradadas. “A restauração florestal pode garantir a recuperação dos serviços ambientais fornecidos pelas florestas, ao mesmo tempo que traz benefícios econômicos e sociais para a população local das nações tropicais”, afirmou.

Em 2021, o mesmo time de cientistas realizou um estudo focado nas florestas secundárias da Amazônia, publicado na revista Nature Communications. A partir disso, os pesquisadores expandiram as pesquisas sobre a regeneração das florestas para outras regiões tropicais, incluindo as florestas degradadas.

Celso Silva declarou que a participação da UFMA e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi determinante para tornar possíveis os dois trabalhos, mesmo com a redução significativa de investimentos em ciência no país, nos últimos anos. “Os resultados encontrados nos trabalhos vão apoiar os tomadores de decisões no Brasil em estratégias nacionais de combate às mudanças climáticas, o que reforça a necessidade de as autoridades tratarem o investimento em ciência como um projeto de estado”, finalizou.

Por: Layane Garcêz

Produção: Bruna Castro

Revisão: Jáder Cavalcante

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