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Curso “Vozes Contra o Genocídio Perspectivas Contemporâneas” realiza segunda aula de forma virtual, com transmissão pelo Canal Institucional da UFMA no Youtube

publicado: 31/08/2021 10h28, última modificação: 31/08/2021 10h28

De forma virtual, foi realizada no dia 23 deste mês a segunda aula do curso “Vozes Contra o Genocídio Perspectivas Contemporâneas”, que teve o tema “Vozes contra o genocídio de povos negro, quilombola e de terreiro”. A transmissão ocorreu pelo Canal Institucional da UFMA no Youtube.

O encontro foi mediado pelo arqueólogo e professor do curso de Ciências Humanas do Câmpus de Pinheiro, Arkley Bandeira, e contou com a participação do mestre quilombola Antônio Bispo e do professor Sidney Nogueira, doutor em Semiótica pela Universidade de São Paulo (USP).

Bispo iniciou a sua apresentação citando uma poesia de própria autoria e, em seguida, esclareceu que os versos foram inspirados em um contexto de etnocídio, o qual se refere à tentativa ou à destruição total ou parcial de um grupo nacional étnico, racional ou religioso.

No início do colonialismo, quando atacaram Palmares, parte das pessoas que viviam lá, cuidavam dos animais, das plantas, da agricultura e da saúde das pessoas, mas quando Palmares foi atacada pela última vez, mataram o grupo que era responsável pela defesa de todos, os soldados de guerra”, afirmou o mestre quilombola.

Ele acrescentou que desde a época colonial, o etnocídio continuou avançando até alcançar o século XX, em virtude dos confrontos nazistas, e essa violência ficou marcada no Brasil durante a gestão do ex-presidente Getúlio Vargas. “O mais absurdo é que os livros de História, mesmo escritos pelo povo que se diz progressista, não contam essa história”, destacou.

Nogueira discorreu sobre o assunto declarando que é necessário lutar contra as vozes que querem calar as origens ancestrais e de resistência negra. “O Brasil é de fato um grande projeto genocida. Antes da invasão do país e da colonização, já havia cerca de seis mil anos de existência de povos indígenas e africanos. E tudo o que nós vivemos é resultado de um projeto civilizatório humanitário europeu, que trata da edificação de lugares de ausência e produção de ausência. Portanto, no ponto de vista europeu, nós não existíamos, por isso, não havia a necessidade de falar de nós. E a nossa existência é incômoda e por causa disso, não é importante falar de nós, porque desagrada a burguesia brasileira”, enfatizou.

Veja a transmissão na íntegra pelo Canal Institucional da UFMA no Youtube:

Saiba Mais

Antônio Bispo dos Santos é escritor, mestre quilombola, lavrador, formado por mestres e mestras de ofícios, morador do Quilombo do Saco Curtume São João do Piauí no Brasil. É autor de artigos e poemas e dos livros “Quilombos, modos e significados (2007), “Colonização Quilombos: modos e significados (2015). É ativista político e militante de grande expressão no movimento social quilombola e nos movimentos de luta pela terra. É membro da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (Secoq/PI), da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

Sidney Nogueira é professor doutor e babalorixá. Possui graduação em Letras pela Universidade Brás Cubas, é mestre em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Semiótica e Linguística Geral pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) pela USP. Atualmente é docente na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e na Universidade Federal do Pará (UFPA).

Nogueira também coordena e atua como professor do Instituto Livre de Estudos Avançados de Religiões AfroBrasileiras (Ilearás/SP) e do Projeto Conversa de Terreiro: jornadas de diálogos, estudos, dinâmica e sistematização de conhecimentos ancestrais da África Negra. É membro da Ocupação Cultural Jeholu. Ativista e escritor dos livros “Coisas do povo de santo” (2011) e “O que é intolerância religiosa” (2019).

Por: Hérika de Almeida

Produção: Marcos Paulo Albuquerque

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