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“As cotas garantem o ingresso, mas não acesso ao ensino superior”, diz professora em debate sobre cotas raciais

publicado: 26/02/2021 18h17, última modificação: 01/03/2021 08h54
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Na noite de quinta-feira, 25, o Centro Acadêmico Maria Firmina, gestão pró-tempore, realizou o debate on-line “Cotas Raciais nas Universidades Públicas: História e importância para a Igualdade Racial no Brasil”. O debate contou com a colaboração dos professores Acildo Leite, Álvaro Pires e Cidinalva Neris, que questionou a limitação e o formato de aplicação das políticas de ações afirmativas nas instituições de ensino superior.

“A política de cotas garante o ingresso, mas não o acesso ao ensino superior, pois o acesso não se resume a uma vaga na universidade, ela inclui um conjunto de possibilidades que assegurem a permanência e o sucesso acadêmico do estudante, mais precisamente, que ele tenha condições de concluir o curso dentro do tempo normal de integralização, ou seja, que não seja evadido, retido e que consiga ter acesso à leitura, grupos de pesquisa, projetos de extensão e aos meios de comunicação”, declarou a docente Cinidalva.

Segundo o estudante de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (Liesafro) e membro do respectivo Centro Acadêmico, Leonardo Santos, a discussão foi motivada com o intuito de desmistificar dúvidas e preconceitos sobre as políticas de ações afirmativas no contexto do ensino superior brasileiro. “Buscamos refletir e problematizar a temática central com o intuito de nos alertarmos para a necessidade da luta e importância da Política de Cotas e Ações Afirmativas”, frisou.

O professor Acildo Leite iniciou a discussão suscitando a ideia de busca pela equidade no ensino. “Quando se trata do campo do ensino superior, as políticas de ações afirmativas não podem ser pensadas apenas como acesso, mas também como democratização interna, ou seja, garantir a permanência, mecanismos de ensino e aportes pedagógicos para os estudantes negros. Nesse sentido, a equidade vai ao encontro de promover uma justiça social intervindo e mitigando as desigualdades, ampliando para além do acesso ao ensino superior”, ressaltou.

A avaliação dos impactos da Política de Ações Afirmativas nas instituições de ensino superior públicas, que será realizada em 2022, foi um dos tópicos abordados pelo professor aposentado da UFMA Álvaro Pires. “Dentro dessa perspectiva de avaliação, nós podemos questionar nossa situação hoje: como estamos progredindo e em que situação se encontram as políticas de ações afirmativas e das cotas raciais nas universidades públicas brasileiras? De antemão, podemos perceber uma certa desinformação por parte da população geral para entender qual o significado fundamental de termos essas políticas em um país que carrega uma desigualdade construída historicamente”, considerou o sociólogo.

Por: Maiara Pacheco

Produção: Laís Costa

Revisão: Jáder Cavalcante

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