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ARTIGO: Educação a Distância: acesso ao ensino ou acesso à aprendizagem?

publicado: 04/08/2010 00h00, última modificação: 02/12/2021 09h51

382f6bce43153e86c362f11a872e6a47.jpgA Educação a Distância, desde suas origens, tem como mote principal o acesso ao ensino, um compromisso que se renova como o passar das gerações e que se mantém vivo em nossos dias. Com efeito, a modalidade consolidou-se, ao longo da história, tendo como missão primordial propiciar conhecimento às populações localizadas longe dos grandes centros educacionais, impossibilitadas de frequentar os cursos presenciais.

Assistimos hoje um movimento de rápida expansão da EAD, onde o conceito originário, que cunhou a denominação da própria modalidade – educação a distância – parece não se mostrar mais suficiente para dar conta dos desafios contemporâneos que se colocam ao ensino não presencial. Ao lado de sua vocação tradicional, de superar limitações de ordem geográfica, impõe-se o desafio de promover a inclusão educacional de um importante segmento social, alijado do ensino presencial em função das dificuldades de compatibilização do tempo. Com essa nova realidade, a expressão a distância incorpora um sentido de mediação espaço-temporal, passando a definir o conceito de ensino mediado.

A crescente procura por cursos a distância por parte de alunos que residem nos grandes centros sugere que a missão original da EAD, consagrada ao longo do tempo, de viabilizar o acesso ao ensino, em função do espaço, propicie também o acesso em função do tempo. De outra parte, o aluno que reside distante das instituições de ensino também tem enfrentado dificuldades relacionadas com a organização do tempo, requerendo maior flexibilidade nos horários de estudos.

Analisando sob essa perspectiva, compreende-se a importância do papel das tecnologias de informação e comunicação (TICs) na Educação a Distância, na medida em que tornam possível a efetiva mediação espaço/temporal das ações de ensino e aprendizagem, como propulsora dessa modalidade de ensino, explicando, de certa forma, o fenômeno contemporâneo de sua rápida expansão.

Na medida em que a expansão da EAD está relacionada com o intenso uso das TICs, o fenômeno traz à tona a questão do acesso em diferentes níveis: o acesso dado pela disponibilidade de recursos tecnológicos; o acesso dado pela apropriação e o domínio das linguagens e processos informacionais; e o acesso dado pelo desenvolvimento de habilidades e competências pedagógicas no âmbito do “aprender a distância”, através das interações nos ambientes virtuais de aprendizagem. Assim, o desempenho dos alunos em cursos a distância baseado nas TICs pressupõe distintos níveis de acesso, abrangendo infraestrutura tecnológica, alfabetização digital e domínio de processos específicos próprios da aprendizagem on-line.

Ainda que o aluno disponha dos recursos materiais necessários, conheça e domine os recursos tecnológicos, se defrontará com a necessidade de conhecer e dominar linguagens e processos específicos da educação a distância virtual, implicando na necessidade de desenvolvimento de novas habilidades e competências, que possibilitem o acesso pedagógico. São os investimentos efetivados nesse campo que determinarão, em última instância, a diferença entre “estudar a distância” e “aprender a distancia”. Por essa simples razão, os cursos a distância prevêem disciplinas iniciais voltadas para a instrumentalização para a EaD.

Em conclusão, a educação a distância da era digital, ao se colocar como possibilidade de acesso à educação, coloca a questão do acesso como um problema imanente à modalidade de ensino, onde o desafio maior consiste na aprendizagem do “aprender a distância”, que implica em aprender a interagir virtualmente, não somente do ponto de vista mecânico-operacional, mas do ponto de vista cognitivo, da construção do conhecimento e de novas aprendizagens, colaborativamente, mediante processos interativos a distância.

No entanto, não nos surpreendamos se, no futuro, a opção pela EAD se fizer não mais somente em função da flexibilização dos espaços/tempos, mas em função dos níveis de acesso que esta venha potencializar, em termos de aprendizagens significativas.

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Perfil de Silvestre Novak
Silvestre Novak é Vice-Secretário de Educação a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); mestre em Educação pela mesma instituição, na área de Psicopedagogia, Sistemas de Ensino e Aprendizagem, com foco em EaD; é doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS.


Última alteração em: 03/08/2010 14:06

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