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Afinal, como avaliar na modalidade a distância?
publicado:
05/10/2010 00h00,
última modificação:
02/12/2021 09h51
"Por trás da maioria das reprovações está justamente o equívoco do estudante de que a EAD é um modelo que vai facilitar a vida dele, garantir a sua aprovação de qualquer forma. Quando se trata de uma experiência séria, a EAD reproduz regulamentos e critérios da instituição de ensino. Ou seja, ele tem que compor uma pontuação, cumprir os módulos... e exige compromisso, iniciativa e organização desses alunos", diz Gama, que é Doutor em Educação pela UFRJ, Coodenador do Núcleo de Gestão e Avaliação (EDU/UERJ) e também avaliador do MEC.
O professor faz um alerta. "É preciso cuidado com a mercantilização da EAD, com o risco de uma expansão sem qualidade", afirma Zacarias, lembrando que fato semelhante ocorreu com o ensino superior regular durante os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso. "A EAD, diferentemente do imaginário popular, supõe um alto nível de investimento, com instalações adequadas e corpo bem treinado. Na verdade, ela compreende a reprodução dispersa de um ambiente universitário", afirma.
Por isso mesmo, o MEC tem apertado o cerco às instituições, sobretudo após a definição dos Referenciais de Qualidade em EAD. " Em viagens pelo Brasil, vi muitos polos sem sala de estudo, sem bibliotecas, sem ambiência universitária, laboratórios ou tutores especializados. Eles costumam ser muito generalistas. Visitei em Roraima uma instituição onde três ou quatro tutores atendiam a todas as disciplinas dos vários cursos oferecidos. Não é por acaso que o MEC vem fechando diversos cursos".
Prática comum a muitos estudantes - e usual antes mesmo do surgimento da EAD, que fique bem claro - a fraude na apresentação de trabalhos acadêmicos, por vezes copiados de sites da internet, também é verificada. "É óbvio que existe cópia de trabalhos. Além disso, há uma proliferação de profissionais e de escritórios que ajudam o aluno a tapear os professores. Fazem a monografia, a dissertação, a tese inteira", destaca Zacarias que, no entanto, vê meios de combate a esse tipo de ação.
"Há como controlar isso. Começa pelo cuidado na construção do instrumental, exigindo uma certa circunscrição do pensamento e da reflexão ao que está sendo trabalhado naquele módulo. Se o aluno está fazendo uso da bibliografia e o modo como ele utiliza esse material. Basta acompanhar o processo como um todo, e não apenas avaliar o produto final. A avaliação na EAD deve ser processual, muito à miúde. No modo presencial, tendo conhecimento físico do aluno, disponho de mais critérios que me levem a ter mais ou menos credibilidade em relação a ele. Na EAD, não. E isso exige que o processo de avaliação seja mais detalhado", explica.
Em linhas gerais, afirma Zacarias Gama, o processo de avaliação na EAD reproduz os mesmos critérios da avaliação presencial. "No Brasil, é muito forte a tendência das teorias de avaliação relacionadas com competência e habilidade, consideradas hoje indispensáveis para uma maior realização do capital, para atender às expectativas imediatas do mercado. Mas, a EAD vem mudando isso. A modalidade dá grande liberdade, autonomia e estimula uma postura pró-ativa do aluno, a ponto de já aceitar ações de autoavaliação dos estudantes", conclui.
Lugar: Ascom NEaD/UFMA (Tissiana Carvalhêdo)
Texto: www.ead.folhadirigida.com.br
Última alteração em: 05/10/2010 00:00