Prof.ª Zenir Pontes deixa importante legado à UFMA e ao Maranhão

A professora aposentada do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão, Zenir de Jesus Lins Pontes, dedicou 28 anos de sua vida à docência, contribuindo para a formação de uma geração de comunicadores no estado.

Era formada em Comunicação Social – Habilitação Relações Públicas, graduada pela UFMA, Dra. em Ciência da Educação, Me. em Administração de Empresas, e especialista em Teoria e Prática das Relações Públicas, Metodologia do Ensino Superior e Gestão da Comunicação.

De 1990 a 1996, foi diretora da Universidade FM, atividade comum a um de seus colegas de profissão, o Prof. Euclides Moreira Neto, que, a exemplo dela, se dedicou à docência e também foi diretor-geral da 106,9.

“A nossa relação era de colegas de departamento e de profissão. Ela era professora no Curso de Relações Públicas, e eu, professor no Curso de Jornalismo. Atuamos como protagonistas de um mesmo período. A professora Zenir sempre se mostrou muito solícita, carinhosa e amigável com os colegas de trabalho e com seus alunos. Tinha uma relação muito próxima e sincera, e por isso conseguia cativar, de imediato, todos ao seu redor. Era uma relação amistosa”, relembrou o Prof. Euclides.

Relação amistosa que se tornou uma de suas marcas, a exemplo da sinceridade.

“O que mais marcou nossa amizade foi a sinceridade, a proximidade e a cumplicidade em defender a comunicação e a relação entre professor e aluno. Compartilhávamos dificuldades, mas também momentos agradáveis e tristes. A professora Zenir era extremamente propositiva e positiva, no sentido mais essencial da palavra. Uma pessoa muito amigável”, observou Euclides.

Zenir era acolhedora e tinha prazer em receber as pessoas de quem gostava.

“Ela abria sua casa. Morava em um sítio na região da Maioba, próximo à Pindoba, e gostava de nos receber. Lembro que, no último encontro que tivemos — no dia 6 de maio de 2025 — ela esteve presente em uma de nossas disciplinas (Gestão de Empresa Jornalística) e me ‘intimou’ a convocar todos os ex-diretores da Rádio Universidade FM para uma reunião no sítio onde morava, a fim de recordarmos momentos. Infelizmente, isso não chegou a se concretizar”, lamentou.

Para o professor Euclides, as memórias de Zenir Pontes são de uma pessoa comprometida com a educação e a comunicação:

“As lições que ficam são as de uma pessoa que se doou à causa da educação e da comunicação. Era muito apaixonada pelo que fazia, não criava obstáculos e tentava sempre facilitar a vida de todos que precisavam de seus auxílios e conselhos. Esse é o legado que vai permanecer.”

Essas marcas foram reforçadas no último encontro entre professor Euclides e Zenir Pontes.

“No último encontro que tivemos, ela deixou isso muito claro. Há uma gravação de 1h30, uma verdadeira lição de vida. Os alunos ficaram contentíssimos e maravilhados com sua postura e com a forma didática de expor ideias, opiniões e relatar sua trajetória na UFMA, na Rádio Universidade, no curso de Relações Públicas e em outras instituições onde trabalhou. Ficam o carinho e o carisma. Zenir viverá eternamente em nossos corações”, disse Euclides.

Zenir Pontes passou mal no sábado, 10 de maio, foi levada a uma unidade hospitalar, mas já chegou sem vida. O sepultamento acorreu no mesmo dia.

Ao falar de Zenir Pontes, surgem muitas recordações e relatos em comum entre os entrevistados para esta reportagem. Entre os depoimentos, a palavra “incentivo” ganha destaque. Um exemplo está no relato da Coordenadora de Programação da Universidade FM, Maud Rebelo:

“Ela me incentivou desde o início. Era uma pessoa muito presente. Quando ela chegou à emissora, eu já estava. Mas era alguém de muito diálogo, uma gestão leve, muito comunicativa. Era muito produtiva, tanto na área profissional quanto na pessoal”.

Uma gestão marcante, com destaque para a proximidade com os colaboradores da Rádio Universidade FM.

“Ela se tornou bastante próxima dos funcionários. Não era só a parte operacional da rádio, os equipamentos. Para mim, pessoalmente, foi esse incentivo, essa motivação”, observou Maud.

Para ela, o estilo de gestão de Zenir era humanizado e participativo.

“Um estilo de gestão humanizada, incentivadora e participativa. Ela nos consultava sobre muitas coisas. Nós, que integrávamos as lideranças dos setores, não só éramos incentivados, como tínhamos oportunidades. E essa era a forma dela, o estilo dela, e isso também ficou.”

Mãe do professor Walber Lins Pontes, da técnica-administrativa Ana Marília Lemos, e sogra dos servidores Camila Pontes e Anderson Rodrigues (que atua na Universidade FM), em 2020, Zenir Pontes foi condecorada com o título de Professora Emérita da Universidade Federal do Maranhão, um reconhecimento ao seu trabalho.

A docente também atuou na Faculdade São Luís, que mais tarde se tornou Estácio, instituição na qual foi colega, por sete anos, do atual coordenador de Núcleos da Universidade FM, o jornalista Paulo Pellegrini.

“A relação sempre foi maravilhosa. A professora Zenir era muito generosa, atenciosa e dedicada ao que fazia. Conseguia manter com seus colegas de trabalho a melhor relação possível. Era amável, sempre disponível e disposta a ajudar. Mesmo após se aposentar da UFMA, continuou na docência. Apesar da diferença de idade com os colegas, estava sempre disposta a aprender, a renovar conhecimentos, a dialogar com as novas gerações. Uma colega exemplar. Sua partida tão repentina deixa uma lacuna impossível de ser preenchida”.

Pellegrini também destaca a generosidade como um dos principais atributos de Zenir Pontes.

“O que mais marcava era o quanto ela era generosa e dedicada ao trabalho e às pessoas. Sempre disposta a ajudar, a estar ao lado dos outros. Essa disponibilidade é o que mais fica”.

E deixa como legado o amor pela profissão.

“O que fica é a lição de que é possível ter paixão por uma profissão, como ela tinha pela docência, por toda a vida. A lição é que as pessoas não devem esmorecer nem desistir diante de barreiras ou lamentar dificuldades. Ela enfrentou muitos percalços, como o companheiro que passou boa parte da vida em estado vegetativo, e ela cuidou dele por muitos anos. E você nunca via a professora chorando ou se lamentando”, completou Pellegrini.

Primeira diretora da 106

A professora Zenir Pontes quebrou diversos paradigmas na Rádio Universidade. Um deles foi o fato de uma mulher assumir a gestão da emissora naquele momento.

Para tanto, contou com a colaboração de figuras importantes e hoje referências na comunicação local, como o jornalista Zeca Soares, que atuou como Coordenador Geral de Programação da emissora durante sua gestão.

“Foi uma mulher com grande competência no comando da gestão. Muitos poderiam questionar: o que uma profissional de Relações Públicas faria no comando de uma rádio? Ela mostrou que a administração se aprende dentro de casa. Mostrou-se sempre capaz, competente, e conduziu com muito brilhantismo a Rádio Universidade, no que considero seu grande momento na história do rádio no Maranhão”, ressaltou Zeca Soares.

Momento encravado na história da comunicação maranhense, ligado à qualidade da emissora.

“Além da qualidade da rádio, ela conseguiu dar à Rádio Universidade uma cara de coisa pública gerenciada com profissionalismo e grande competência. Costumamos achar que só o que é privado oferece um bom serviço. Pelo contrário: foi por meio da Rádio Universidade, sob o comando da professora Zenir, que tivemos a oportunidade de acompanhar e contribuir com esse grande momento da rádio”, destacou Zeca.

A atuação de Zenir na Universidade FM marcou definitivamente a emissora da UFMA e Fundação Sousândrade, com postura firme, porém com muita ternura, local onde ela sempre será lembrada com muito carinho.

E nesta sexta-feira, dia 17 de maio, acontece a  missa de sétimo dia, às 19h30, na Igreja Menino Jesus de Praga, Rua Euclides Farias, nº 25, Bairro Cohama.

(Borges Júnior)