Notícias

RÁDIO CIÊNCIA

Pesquisa da UFMA analisa a figura feminina no Iluminismo a partir das obras de Rousseau

publicado: 24/11/2025 11h07, última modificação: 24/11/2025 14h43
Capa do livro Júlia ou A Nova Heloísa, de Jean-Jacques Rousseau -- Divulgação - Hucitec Editora.jpg

No século XVIII, a Europa vivia o chamado “Século das Luzes”, um período marcado pela crença de que a razão poderia iluminar a humanidade e afastar a ignorância.

 

📱Siga o Canal da Universidade FM no WhatsApp👆🏼 

 

Filósofos como Voltaire, Diderot e Jean-Jacques Rousseau defendiam os princípios de liberdade, igualdade e direitos universais. Entretanto, enquanto o pensamento iluminista avançava, as mulheres permaneceram afastadas da vida pública sem acesso pleno à educação ou participação política.

 

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) analisou esse contraste entre o discurso iluminista e a realidade feminina da época.

 

O estudo intitulado “Filosofia, gênero e literatura no século XVIII: a figura feminina apresentada por Jean-Jacques Rousseau no romance filosófico Júlia ou A Nova Heloísa” foi realizado pela pesquisadora Francyhélia Benedita Mendes Sousa, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult) da UFMA.

 

Francyhélia Sousa é doutoranda do PGCult

 

Segundo a pesquisadora, naquele período, os papéis sociais eram rigidamente definidos.

 

“Haviam restrições muito claras em relação às mulheres. Elas não poderiam ultrapassar o limite do público e do privado, e essa separação era baseada na diferença entre sexo e gênero, que delimitava quais espaços elas poderiam ocupar”, afirma.


A pesquisa analisou especialmente as obras “Júlia ou A Nova Heloísa” (1761) e “Emílio ou Da Educação” (1762), nas quais Rousseau constrói um ideal de feminilidade marcado pela domesticidade, pela moral e pela afetividade.

 

A mulher aparece como responsável pelo cuidado, pela educação dos filhos e pelo equilíbrio do lar, mas não como agente do pensamento filosófico ou da vida política.

 

O trabalho destaca que esse ponto de vista - amplamente reproduzido pela filosofia -, pela literatura e instituições sociais da época, contribuiu para silenciar mulheres, sobretudo aquelas fora da aristocracia, não brancas ou sem acesso aos espaços de poder.

 

Ao reforçar um modelo idealizado de comportamento feminino, esses discursos ajudaram a moldar desigualdades que perduram até os dias atuais.

 

Apesar da predominância masculina na produção filosófica do período, a pesquisa também evidencia que existiram mulheres que desafiaram as barreiras impostas. Autoras, como Madame d’Épinay, Madame du Châtelet e Mary Wollstonecraft, que produziram textos, reflexões e críticas ao pensamento da época, embora tenham sido ignoradas pela história oficial.

 

O trabalho foi premiado pela FAPEMA em 2022

 

A pesquisa foi orientada pelo Prof. Dr. Luciano da Silva Façanha, do Departamento de Filosofia da UFMA, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa Interdisciplinar Jean-Jacques Rousseau.

 

O estudo recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e venceu o Prêmio Fapema 2022 na categoria Dissertação de Mestrado em Ciências Humanas e Sociais.

(Bruno Goulart)

  

Ouça!

 

 

🌎 | Instagram | CANAL WHATSAPP | X | Spotify | Spotify Playlists |

Deezer | Amazon Music | Apple Podcasts

São Luís – MA

2025

registrado em: , ,