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RÁDIO CIÊNCIA
Pesquisa da UEMA aborda literatura africana lusófona
A literatura contemporânea dos países africanos lusófonos ainda é pouco estudada no Brasil. Há uma escassez de pesquisas sobre autores de países de língua portuguesa que foram colonizados por Portugal, como Moçambique, Angola e Cabo Verde.
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Diante dessa lacuna, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) decidiu analisar a obra "Caderno de Memórias Coloniais", da escritora Isabela Figueiredo. O livro trata da construção de identidade de uma mulher branca, filha de portugueses, que viveu em Moçambique durante o período colonial.
O estudo foi desenvolvido pela acadêmica em Letras Licenciatura em Língua Portuguesa, Língua Espanhola e Literaturas da UEMA, Maria Gabriela Felix Rodrigues. De acordo com ela, o interesse pelo tema surgiu justamente porque a obra permite uma reflexão profunda sobre identidade e memória.
“O interesse (pelo livro) surgiu porque a obra Caderno de Memórias Coloniais, da Isabela Figueiredo, permite a reflexão sobre identidade, sobre memória, e principalmente a crítica ao colonialismo português. Além disso, também traz uma perspectiva feminina e autobiográfica que registra a experiência do racismo, da violência e do deslocamento vivido em Moçambique e em Portugal”, explica a pesquisadora.

Isabela Figueiredo é autora de Caderno de Memórias Coloniais
A obra "Caderno de Memórias Coloniais" é composta por escritos autobiográficos que narram a trajetória de construção identitária da personagem-narradora. A história se passa primeiro durante a colonização portuguesa em Moçambique e depois do retorno a Portugal após a Revolução de 25 de Abril de 1974.
Segundo a pesquisa, a autora, Isabela Figueiredo, utiliza uma linguagem que reproduz fielmente as vozes dos colonos brancos, incluindo expressões racistas da época. Essa estratégia literária serve para denunciar as práticas coloniais e expor as brutalidades cometidas naquele período.
Os resultados da pesquisa mostram que a obra problematiza a construção de identidade de alguém que pertence e não pertence - ao mesmo tempo - nem a Moçambique, nem a Portugal. A narradora atravessa a dicotomia de uma relação diferente entre ela e aqueles que a rodeiam, sejam brancos ou negros, para compreender seu próprio lugar no país onde nasceu.
A análise também mostra que a importância da literatura de memória colonial está na sua posição única de representar pessoas que sofreram diversas formas de violência baseadas em preconceitos raciais e de classe. Segundo a pesquisadora, essas pessoas foram exiladas duas vezes: da sua terra natal e da terra da sua família, onde foram invasores.
"É uma obra que destaca a literatura de memória é essencial para compreender os efeitos do colonialismo e também as suas marcas na nossa contemporaneidade", afirma Gabriela.
A pesquisadora também destaca que ainda existem poucas pesquisas sobre as obras escritas por autores lusófonos de países colonizados.
O trabalho foi orientado pela professora doutora do Departamento de Letras da UEMA, Andrea Teresa Martins Lobato. A pesquisa contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
(Bruno Goulart)
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