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Pesquisa da UEMA aborda literatura africana lusófona

publicado: 17/10/2025 13h18, última modificação: 20/10/2025 14h42
Gabriela Felix Rodrigues é acadêmica de Letras Licenciatura em Língua Portuguesa, Língua Espanhola e Literaturas da UEMA - Arquivo pessoal

A literatura contemporânea dos países africanos lusófonos ainda é pouco estudada no Brasil. Há uma escassez de pesquisas sobre autores de países de língua portuguesa que foram colonizados por Portugal, como Moçambique, Angola e Cabo Verde.

 

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Diante dessa lacuna, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) decidiu analisar a obra "Caderno de Memórias Coloniais", da escritora Isabela Figueiredo. O livro trata da construção de identidade de uma mulher branca, filha de portugueses, que viveu em Moçambique durante o período colonial.

 

O estudo foi desenvolvido pela acadêmica em Letras Licenciatura em Língua Portuguesa, Língua Espanhola e Literaturas da UEMA, Maria Gabriela Felix Rodrigues. De acordo com ela, o interesse pelo tema surgiu justamente porque a obra permite uma reflexão profunda sobre identidade e memória.

 

“O interesse (pelo livro) surgiu porque a obra Caderno de Memórias Coloniais, da Isabela Figueiredo, permite a reflexão sobre identidade, sobre memória, e principalmente a crítica ao colonialismo português. Além disso, também traz uma perspectiva feminina e autobiográfica que registra a experiência do racismo, da violência e do deslocamento vivido em Moçambique e em Portugal”, explica a pesquisadora.

 

Isabela Figueiredo é autora de Caderno de Memórias Coloniais

 

A obra "Caderno de Memórias Coloniais" é composta por escritos autobiográficos que narram a trajetória de construção identitária da personagem-narradora. A história se passa primeiro durante a colonização portuguesa em Moçambique e depois do retorno a Portugal após a Revolução de 25 de Abril de 1974.

 

Segundo a pesquisa, a autora, Isabela Figueiredo, utiliza uma linguagem que reproduz fielmente as vozes dos colonos brancos, incluindo expressões racistas da época. Essa estratégia literária serve para denunciar as práticas coloniais e expor as brutalidades cometidas naquele período.

 

Os resultados da pesquisa mostram que a obra problematiza a construção de identidade de alguém que pertence e não pertence - ao mesmo tempo - nem a Moçambique, nem a Portugal. A narradora atravessa a dicotomia de uma relação diferente entre ela e aqueles que a rodeiam, sejam brancos ou negros, para compreender seu próprio lugar no país onde nasceu.

 

A análise também mostra que a importância da literatura de memória colonial está na sua posição única de representar pessoas que sofreram diversas formas de violência baseadas em preconceitos raciais e de classe. Segundo a pesquisadora, essas pessoas foram exiladas duas vezes: da sua terra natal e da terra da sua família, onde foram invasores.

 

"É uma obra que destaca a literatura de memória é essencial para compreender os efeitos do colonialismo e também as suas marcas na nossa contemporaneidade", afirma Gabriela.

 

A pesquisadora também destaca que ainda existem poucas pesquisas sobre as obras escritas por autores lusófonos de países colonizados.

 

O trabalho foi orientado pela professora doutora do Departamento de Letras da UEMA, Andrea Teresa Martins Lobato. A pesquisa contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).

 

(Bruno Goulart)

 

 

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