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Pesquisa aponta desigualdade na cobertura de violência contra mulher negra na imprensa digital

publicado: 30/10/2025 11h23, última modificação: 30/10/2025 15h33
Isabel dos Santos Andrade é graduanda do Curso de História da UEMA - Caxias.jpg

Os meios de comunicação exercem papel fundamental na sociedade, ao mediarem os discursos e informações. É por meio do trabalho da imprensa, do rádio à internet, que a maioria das pessoas tem acesso a conteúdos, e por meio deles, passam a formar uma opinião sobre os mais diversos temas.

 


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É pensando nesse lugar de importância que os produtos comunicacionais ocupam na formação de opinião que se inaugura a Análise do Discurso Crítica, disciplina voltada para o estudo aprofundado de textos, falas, livros, obras teatrais e outros. Nesse campo, os pesquisadores analisam os significados dos discursos para além da estrutura gramatical, com atenção também no viés ideológico.

 

A acadêmica da Licenciatura em História, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) - Campus Caxias, a 360 quilômetros de São Luís, Isabel dos Santos Andrade, pôs essa ferramenta em prática na pesquisa "Os dados registrados, os corpos marcados e casos (in)visibilizados têm cor: violência contra mulheres negras presentes nas mídias, no tempo presente, no nordeste, entre 2010 e 2020"

 

A proposta foi entender como é a cobertura dos principais veículos da imprensa digital sobre crimes contra mulheres negras no nordeste. Para isso, a pesquisadora fez um mapeamento e análise de como são construídas as principais notícias desses veículos.

 

Além disso, utilizou a Netnografia como forma de avaliar os debates sobre a violência contra mulheres negras nos comentários e postagens nas redes sociais.

 

“Nós percebemos que, quando a vítima é uma mulher branca, esses veículos costumam dar mais destaque e fazem uma abordagem mais humanizada, tratando da vida e dos sonhos delas. Já com as mulheres negras, as notícias tendem a ser mais curtas e mais frias. Por vezes, é feita até uma associação com estereótipos, como a pobreza e a marginalidade. Existem casos em que a vítima, mulher negra, é até culpabilizada pelo crime que sofreu”, diz a acadêmica, Isabel dos Santos.

 

Jakson dos Santos Ribeiro é Doutor em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará

 

A pesquisa também fez uma análise do perfil das vítimas desse crime, tendo como base os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde. E isso mostrou que, de 2015 a 2017, houve queda no índice de violência contra mulher. Entretanto, durante a pandemia, esses números voltaram a crescer. 

 

Um dos conceitos trabalhados por Isabel é o de Racismo Estrutural, criado pelo filósofo Silvio Almeida, que trata do preconceito racial enraizado socialmente, e que é reproduzido por meio de práticas conscientes e inconscientes.

 

A partir disso, o estudo conclui que a combinação entre racismo estrutural e machismo resulta na maior vulnerabilização de mulheres negras, e também é um dos fatores de continuidade da violência sofrida por elas.


Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), a pesquisa tem orientação do Professor Doutor do Curso de História da UEMA - Campus Caxias, Jakson dos Santos Ribeiro.

(Pedro Batista)

  

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