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RÁDIO CIÊNCIA

Obras de Maria Firmina influenciam debates de raça e gênero na literatura brasileira

publicado: 13/11/2025 14h30, última modificação: 17/11/2025 14h34
Yoná  segue estudando, com orientação da Profa. Edna, a obra de Maria Firmina no mestrado.jpg

Considerada a primeira mulher negra da América Latina a publicar um livro, a maranhense Maria Firmina dos Reis também é considerada a escritora responsável por inaugurar o Romance Abolicionista  corrente que defendeu a abolição da escravização ao criticar as injustiças desse sistema. Apesar dessa enorme contribuição para a literatura, a autora sofreu um apagamento dos livros de literatura. 

 

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De acordo com a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), Yoná Milhomem de Oliveira, o apagamento de Maria Firmina “foi ideológico e oriundo das elites letradas porque a obra de Firmina, ao invés de perpetuar uma imagem baseada em estereótipos negativos do sujeito negro, apresenta uma perspectiva que rompe com os discursos hegemonicos da época em que ela viveu.”

 

Yoná desenvolveu, durante a graduação em Letras pela UEMASUL, a pesquisa A Escritura Afro-Feminina Maranhense: Maria Firmina dos Reis e sua Contribuição para a Literatura Brasileira. Nesse trabalho, a pesquisadora investiga a relevância literária e política da obra da autora maranhense.

 

Publicado em 1859, "Úrsula" ficou por mais de um século esquecido e só foi encontrado em 1962 pelo historiador paraibano Horácio de Almeida [Fonte_ Editora Selin Trovoar]

 

Desenvolvido na modalidade Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), o estudo analisou obras de Firmina com foco especial em “Úrsula”, romance publicado em 1859 que aborda a escravização e expõe os entraves enfrentados por mulheres na sociedade do Século XIX.

 

O livro conta a história de amor entre Úrsula, personagem que dá nome à obra, e Tancredo. Mas o Comendador Fernando P, tio de Úrsula, é interessado em casar com a sobrinha contra sua própria vontade. Esse conflito resulta na perseguição implacável do casal por parte de Fernando P.

 

O apagamento de Maria dos Reis fez com seu rosto ainda permaneça desconhecido, tendo sido até retratado como o de uma mulher branca [Arte_ Revista CULT]

 

A análise de Yoná destaca a forma como Firmina descreve pessoas escravizadas como um diferencial em relação aos outros autores do Romantismo. Túlio, Susana e Antero, os três personagens escravizados de Úrsula, são descritos como nobres, de caráter, bom coração e, principalmente, insatisfeitos com a condição em que vivem. Além disso, todos esses personagens têm espaço de fala e construção de subjetividade, ou seja, características individuais, o que contrapõe a estereotipação e a abordagem generalista dos romances da época.

 

Segundo Yoná, a obra de Maria Firmina dos Reis se configura como um lugar de emancipação do povo negro.

 

“A autora constrói personagens escravizados dando-lhes voz na narrativa. Desse modo, ela contribuí para a visibilidade do povo negro e de sua história, tanto na época em que o livro foi escrito quanto nos dias atuais. Porque, afinal de contas, muitas questões do passado ainda reverberam nos dias de hoje”, afirma.

 

A pesquisa foi orientada pela Professora Doutora do Curso de Letras da UEMASULEdna Souza Cruz, e conquistou o Prêmio FAPEMA 2024 na categoria Jovem Cientista - Área: Linguística, Letras e Artes.

(Pedro Batista) 

 

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