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RESISTÊNCIAS ORIGINÁRIAS

Exposição traz a São Luís mais de 300 imagens de Christine Leidgens

publicado: 26/08/2025 12h25, última modificação: 27/08/2025 09h04
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Obra inédita da fotógrafa belga Christine Leidgens revela o poder da autonomia da vida e reconhecimento de quilombo como reserva extrativista. A nova exposição do Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM), Resistências Originárias, propõe um mergulho na obra da artista que morou seis anos no Maranhão, apresentando um panorama com imagens inéditas de cinco comunidades, entre América Latina e África.

 

O trabalho, construído ao longo de décadas, transcende o caráter documental e revela a relação de profunda intimidade que a artista estabeleceu com as pessoas retratadas. O resultado são registros que expressam diálogos profundos entre histórias, paisagens e práticas coletivas. 

 

As séries fotográficas mostram os trabalhadores indígenas da Bolívia, comunidades quilombolas e povoados negros da Amazônia e da África, além do povo Piaroa, na Venezuela, reconhecido por seus saberes sobre o uso sustentável da floresta. Cada imagem evidencia como essas comunidades mantêm vivas tradições ancestrais, articulando passado e presente em práticas cotidianas que resistem às pressões externas. Seja nas festas populares, nas técnicas artesanais, na rotina de trabalho ou nos gestos de partilha, a cultura se revela como eixo de continuidade e transformação.

 

 

Um dos destaques da exposição é o registro do Quilombo de Frechal, em Mirinzal (MA). Além de fotografar, Leidgens permaneceu na comunidade ouvindo depoimentos de seus moradores e expõe, em seus registros, a luta pela liberdade e a resistência dos negros no Maranhão. Segundo o curador, a mostra possibilita a experiência de lutas comunitárias pela autonomia da vida.

 

“Em sua permanência em meio aos povos originários, Christine possibilitou a passagem de bastão para que, hoje, as próprias comunidades produzam suas imagens de registro”, explica Gabriel Gutierrez.

 

 

 

O exemplo mais flagrante desse movimento é a fundação do Espaço Fotográfico do Quilombo do Frechal, que consiste em uma casa quilombola dedicada à memória imagética, mantida pela comunidade e para a comunidade.

 

“A fotografia, dominada por eles, por mãos próprias, legada pela fotógrafa, configurou-se como uma arma potente de reativação de memórias e reconhecimento de seu lugar central no jogo político, enquanto agentes criadores de autonomia”, diz Gabriel.

 

Ao unir sensibilidade artística e rigor documental, Christine Leidgens oferece ao público uma oportunidade de reconhecer a autoria desses povos na criação de mundos, linguagens e saberes. 

 

 

Resistências Originárias ficará em cartaz de terça-feira a sábado, das 10h às 19h. O CCVM está localizado à Rua Direita, nº 149, Centro Histórico de São Luís e é aberto ao público, com visitações gratuitas.

 

Serviço

O quê: Exposição Resistências Originárias 

Quando: Abertura, 28 de agosto, às 18h.

Onde: CCVM, localizado à Rua Direita, nº 149, Centro Histórico

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