CONSTAR
As atividades profissionais, cada uma delas com suas peculiaridades, acabam por influenciar a comunicação entre seus membros. Trata-se dos conhecidos jargões profissionais, que nada mais são do que expressões e vocábulos utilizados por pessoas de cada área de atuação. Por exemplo, dois médicos conversando mencionarão “edema periférico”, “fibrilação atrial” e “bradicardia” naturalmente, e isso não pode ser considerado pedantismo linguístico. Agora, ao falar com seus pacientes, é aconselhável que traduzam para a linguagem dos leigos: “inchaço nos pés”, “pulso irregular” e “coração batendo devagar”, respectivamente. E o que falar dos profissionais da informática? Seus jargões quase todos em inglês e siglas soam como grego para quem está perto, e não é da área (HTML, IRQ, Browser etc). A turma do direito também capricha no “data venia”, “ad hoc” e “fumus boni juri”.
Mas jargões não são problemas, uma vez que estão restritos ao universo profissional (quase sempre). O que não pode acontecer é a perpetuação de expressões erradas entre membros de uma classe profissional, tornando-se quase um jargão. E, de tão popularizada no meio, ninguém se atreve a contestar, porque, quando aprendeu, aprendeu errado e vai repetindo o erro ad eternum (kkk).
É o que acontece entre os advogados com o verbo “constar”, e a maioria deles utiliza-o da seguinte forma, como exemplificado abaixo:
Meritíssimo, essa informação já consta dos autos.
O verbo “constar” pode ser completado por elementos iniciados pelas preposições DE ou EM, só que significados distintos. Quando o verbo “constar” está seguido da preposição DE, seu significado é “ser composto de”, “constituir”, “consistir”. Observe os exemplos:
A Câmara de Vereadores de São Paulo consta de 55 membros. (é composta de)
A diretoria da associação consta de sete pessoas da comunidade. (é constituída por)
A Bacia Amazônica consta de um rio principal e doze afluentes. (consiste de)
Mas, se se deseja utilizar “constar” na acepção de “estar presente”, o adjunto adverbial deve iniciar com a preposição “em”. Esse é o caso de nosso exemplo inicial, em que o advogado, quando diz que “essa informação já consta dos autos”, na verdade, quer dizer que a informação está presente nos autos do processo, mas utilizou a preposição DE, que dá outro significado ao verbo, por isso vamos retificar a frase:
Meritíssimo, essa informação já consta nos autos. (nos = em + os)
Outros exemplos:
A cópia dos certificados consta em meu currículo.
Essa palavra não consta no dicionário.
Seu nome não consta na lista de convidados.
Esta é a segunda abordagem sobre o assunto “prefixo” em nossa coluna semanal, mas, por causa da relevância do tema e das múltiplas infrações cometidas, o reforço pedagógico é necessário.
Qualquer pessoa com um conhecimento elementar de língua portuguesa descobriria os erros de português nas aberrações listadas abaixo. Observe:
Você deve ser uma pessoa a normal, pois trabalha quase vinte horas por dia.
Isso é im possível de ser realizado.
Você precisará re fazer o trabalho.
Ela seria in capaz de maltratar um animalzinho.
Já pedi desculpas, mas o erro não pode mais ser des feito.
Esses erros ridículos dificilmente seriam cometidos por alguém que tivesse um conhecimento básico da língua portuguesa. E são ridículos porque, em todos eles, separou-se o prefixo do radical. Como se sabe, os prefixos têm valor semântico, ou seja, transmitem um significado, mas não têm autonomia de palavra. Prefixo não é palavra!!!! Sendo assim, tem sempre de estar ligado a um radical.
Mas os exemplos acima contêm erros crassos facilmente identificáveis porque as pessoas conseguem identificar que “a”, “im”, “re”, “in” e “des” são prefixos. O grande problema é que alguns prefixos são confundidos com palavras, como “mega”, por exemplo. “Mega” é prefixo, portanto tem de estar sempre “agarradinho” a uma palavra (radical), com ou sem hífen. Todos sabemos que “mega” transmite a ideia de “grande”, mas só transmite a ideia, “mega” não é “grande”. “Mega” é prefixo, e “grande” é adjetivo. Portanto temos duas maneiras de falar se quisermos dar a ideia de grandeza para os seguintes substantivos: CASA, EMPRESA, BATATA, LAGOA, RATO, SEMENTE, AUTOMÓVEL, HONRARIA, ILHA e OBRA.
Pode ser CASA GRANDE ou pode ser MEGACASA
EMPRESA GRANDE MEGAEMPRESA
BATATA GRANDE MEGABATATA
LAGOA GRANDE MEGALAGOA
RATO GRANDE MEGARRATO
SEMENTE GRANDE MEGASSEMENTE
AUTOMÓVEL GRANDE MEGA-AUTOMÓVEL
GRANDE HONRARIA MEGA-HONRARIA
ILHA GRANDE MEGAILHA
OBRA GRANDE MEGAOBRA
Outros exemplos de prefixos comumente utilizados como se palavras fossem:
TELE SENA ANTI DEMOCRÁTICO INFRA MENCIONADO
CONTRA ORDEM TETRA CAMPEÃO SEMI ÁRIDO
SUPER DECEPCIONADO RETRO ASSINALADO AUTO ATENDIMENTO
EX ALUNO HIPER BARATO PARA CHOQUE
SUB GERENTE BEM VINDO PSEUDO MÉDICO
SEMI NOVOS MAXI DESVALORIZAÇÃO MINI OBJEÇÃO
TELE REUNIÃO ARQUI RIVAL AMBI VALENTE
Todos esses termos foram retirados de situações reais, observadas em panfletos, documentos, peças publicitárias e na imprensa. Você pode escrever “falso médico”, uma vez que “falso” é um adjetivo, mas cometerá um erro se grafar “pseudo médico”, pois “pseudo” é apenas um prefixo, que transmite a ideia de “falso”, e, por ser prefixo, deve estar agarrado ao radical. Assim, a grafia correta é “pseudomédico”.
Quando algo desaponta você extremamente, você escreverá corretamente se disser que está “muito decepcionado”, uma vez que “muito” é um advérbio, é uma palavra autônoma. Mas, caso você escreva “super decepcionado”, incorrerá no erro de separar o prefixo do radical, pois “super”, embora transmita o sentido do advérbio “muito”, não é advérbio, logo fica clara sua necessidade de estar ligado a um radical para ganhar legitimidade. Assim, o certo é “superdecepcionado”.
Vamos corrigir os exemplos acima:
TELESSENA ANTIDEMOCRÁTICO INFRAMENCIONADO
CONTRAORDEM TETRACAMPEÃO SEMIÁRIDO
SUPERDECEPCIONADO RETROASSINALADO AUTOATENDIMENTO
EX-ALUNO HIPERBARATO PARACHOQUE
SUBGERENTE BEM-VINDO PSEUDOMÉDICO
SEMINOVOS MAXIDESVALORIZAÇÃO MINIOBJEÇÃO
TELERREUNIÃO ARQUIRRIVAL AMBIVALENTE
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A Universidade Federal do Maranhão informa que a Resolução Consepe Nº 1.653/2017 foi tornada nula por acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª. Região, proferido no bojo de ação civil pública ajuizada pelo MPF. A Resolução tratava da política de ação afirmativa de bonificação regional, acrescentando 20% na nota do Enem para os estudantes que cursaram o último ano do Ensino Fundamental (9º ano) e os três anos do Ensino Médio (1º ao 3º) em escolas privadas ou públicas no Estado do Maranhão.
A Universidade esclarece que, como consequência do cumprimento do comando judicial, na edição do SISU de 2022.1, não estará mais vigente a política de ação afirmativa que tratava da referida bonificação, agora tornada nula pela decisão do TRF1.
Convém ressaltar que, no início da gestão do reitor Natalino Salgado Filho, o MPF exarou a Recomendação nº 1/2020-MSC/PR/MA, de 23 de janeiro de 2020. Ela culminou com a criação de uma comissão com o objetivo de aperfeiçoar a política de ação afirmativa implementada pela UFMA por meio da Resolução CONSEPE nº 1.653/2017. Com base nos estudos empreendidos e na reflexão sobre a repercussão prática da Resolução em questão, ficou constatada a necessidade do aperfeiçoamento dessa política de ação afirmativa institucional.
Diante do exposto, a UFMA reitera o interesse em aperfeiçoar sua política institucional de ações afirmativas e comunica que a proposta está em pleno andamento e será discutida com a comunidade acadêmica nos colegiados superiores da Universidade.
Revisão: Jáder Cavalcante
Gênero
Hoje vamos abordar algumas palavras que pertencem a um gênero, mas comumente se erra ao utilizá-las como pertencente ao gênero oposto. Observe as três frases abaixo:
Como o sentinela adormeceu, os ladrões tiveram liberdade para entrar pelos fundos da loja.
Essa sua patroa é uma sujeitinha muito antipática.
Minha chefa me mata se eu não fizer este depósito hoje.
Primeiro caso: sentinela
Normalmente, quem exerce a função de vigilância nos estabelecimentos comerciais ou instalações militares é um homem. Mesmo sendo homem, macho, do gênero masculino, quando presta serviços de vigia nesses postos de serviço, deve ser tratado pelo gênero feminino: a sentinela.
Nosso exemplo corrigido fica:
Como a sentinela adormeceu, os ladrões tiveram liberdade para entrar pelos fundos da loja.
Segundo caso: sujeito
Sujeito, como substantivo, é palavra de um único gênero, o masculino. Erra, portanto, quem diz: Madalena era uma grande sujeita.
O correto é:
Madalena era um grande sujeito.
Da mesma forma:
Nunca vi sujeito mais chato do que aquela professora.
Maria é um sujeitinho problemático. Ninguém gosta dela na escola.
Essa sua patroa é um sujeitinho muito antipático.
Obs.: Quando sujeito tem valor de adjetivo ou é particípio de sujeitar, pode flexionar normalmente, para concordar com o termo a que se refere;
Exemplos: Não estacione! Área sujeita a guincho.
A economia brasileira está sujeita às mudanças cambiais do mercado internacional.
Terceiro caso: chefe
Existem alguns substantivos que são biformes (têm masculino e feminino, como moço/moça, garoto/garota, empresário/empresária, rato/rata, sapo/sapa, etc.). Outros têm uma única forma para ambos os gêneros, são os comuns de dois gêneros, e a definição de masculino e feminino se dá com o artigo ou pronome que o antecede (o cliente/a cliente, um dentista/uma dentista, todo colega/toda colega, este fã/esta fã, etc.). Existem aqueles que têm apenas uma forma, e não existe diferenciação entre os gêneros (são classificados de sobrecomuns), ou seja, tanto para o masculino como para o feminino, utiliza-se uma única forma. Veja alguns exemplos:
A criança = o garoto ou a garota
A vítima = o homem ou a mulher
O indivíduo = ele ou ela
O cônjuge = o esposo ou a esposa
Quanto ao substantivo do exemplo inicial, é classificado como comum de dois gêneros, logo o que se deduz é que não existe forma feminina para chefe. Quando se quer fazer referência à patroa, deve-se utilizar a chefe. Corrigindo:
Minha chefe me mata se eu não fizer este depósito hoje.
No entanto não é considerado erro utilizar a desinência do feminino quando se modifica o grau do substantivo chefe, quer para o diminutivo, quer para o aumentativo. Exemplos:
Nós adoramos nossa chefinha.
Ela é uma chefona na empresa. Todos os funcionários a admiram.
Começa hoje, quarta-feira, 3, o IV Encontro Maranhense de Direito Internacional (RIBAMAR), o único no Maranhão 100% dedicado ao Direito Internacional. Promovido pelo Núcleo de Estudos em Direito Internacional e Desenvolvimento da Universidade Federal do Maranhão (NEDID - UFMA) e pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), o evento será totalmente on-line, por meio da plataforma Microsoft Teams.
A quarta edição, coordenada pelos professores Monica Teresa Costa Sousa (UFMA) e Rodrigo Otavio Bastos Silva Raposo (UEMA), abordará o tema "Standards internacionais de direito à informação e liberdade de expressão". A programação conta com apresentação de trabalhos, palestras e minicursos.
Para mais informações, acesso o site do evento.
Revisão: Jáder Cavalcante
Ir a x Ir para
O verbo “ir” aceita tanto a preposição “a” como “para”. Como, no colégio, raramente, estuda-se o uso das preposições de forma aprofundada, poucas pessoas sabem a diferença entre um caso e outro e costumam infringir a gramática, como se observa no exemplo abaixo:
Professor, no domingo, eu vou para São Paulo.
Foi isso que uma aluna comunicou-me há algum tempo, para justificar suas duas próximas ausências. Eu não poderia perder a oportunidade de fazer a seguinte brincadeira:
― Puxa vida, que pena! Você é tão dedicada, participativa, vou sentir saudade. Mas São Paulo é uma cidade fantástica, em menos de seis meses, você vai se adaptar à vida agitada de lá. Boa viagem... e mande um cartão.
― Professor, mas eu vou passar só quatro dias lá.
E eu, rindo por dentro, disse:
― Não foi isso que eu entendi, porque sua mensagem diz outra coisa.
Qual é o certo: ir para algum lugar ou ir a algum lugar? O brasileiro estudioso do português dirá: “ambas as formas estão corretas, porém com sentidos levemente distintos”.
“Ir para algum lugar” dá ideia de permanência longa ou definitiva;
“Ir a algum lugar” dá ideia de permanência curta.
Cansei de morar no Brasil. Vou para a Europa. (correto)
Em nossa lua de mel, iremos para a Europa. (errado, uma vez que voltaremos em uma semana)
Em nossa lua de mel, iremos à Europa. (correto)
Por causa da violência no Brasil, iremos para a Europa. (correto)
No domingo pretendo ir para a praia. (errado)
No domingo pretendo ir à praia. (correto)
Ganhei a Mega Sena, por isso irei embora do subúrbio. Na próxima semana, irei para a praia. (correto, a pessoa comprou uma mansão de frente para o mar)
Você vai ao colégio amanhã? (correto)
Em janeiro, iremos ao litoral. (correto)
Em janeiro, iremos para o litoral. (correto, se a família estiver de mudança)
Por isso é que, quando alguém morre, não se diz que a pessoa ”foi ao céu”, porque de lá ninguém volta (nem do inferno). É melhor “ir ao hospital” do que “ir para o hospital”. Também é preferível você dizer que precisa “ir à cadeia”, porque será apenas uma visita. Se você precisa “ir para a cadeia”, deve ter feito algo muito errado.
Observe mais estes exemplos:
Na próxima semana, irei ao Dom Bosco. (correto, se a pessoa for visitar o colégio)
Na próxima semana, irei para o Dom Bosco. (correto, se for um professor que tenha se desligado do Batista, por exemplo, e tenha conseguido um novo emprego no Dom Bosco)
Nossa frase-exemplo, dentro do padrão culto, fica da seguinte forma:
Professor, no domingo, eu vou a São Paulo.
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Revisão: Jáder Cavalcante
Gênero
1. Champanha
Não é raro ver alguém utilizar o substantivo “champanha” no gênero diferente do que é o correto. Observe, no exemplo abaixo, como a maioria das pessoas utiliza erradamente essa palavra:
Para comemorar, vamos tomar uma champanha importada da França.
Qual é o gênero da bebida CHAMPANHA: masculino ou feminino? Champanha é um tipo de vinho. Existe o vinho tinto, o branco, o seco, o rosê e o champanha. Assim como seus primos, champanha é masculino, pois trata-se de um tipo de vinho. Use indiferentemente champanha ou champanhe.
Amor, para comemorar esta noite, vamos tomar um champanha francês. (correto)
Puxa, que champanhe delicioso. (correto)
Obs.: Evite a forma CHAMPAGNE, que é considerado estrangeirismo, um vício de linguagem, portanto um erro.
2. Usucapião
Errar o gênero de “usucapião”, infelizmente, tornou-se quase uma regra. Observe o exemplo:
Recebi a posse definitiva das terras por causa da lei do usucapião.
Todos sabem que o substantivo USO é do gênero masculino, porém algumas pessoas desconhecem que a palavra USUCAPIÃO não se origina do verbo USAR, e, sim, da palavra latina usucapione, e pertence ao gênero feminino.
Exemplos:
O juiz baseou-se na Lei DA Usucapião para conceder-lhe a posse das terras. (correto)
Recebi a posse definitiva das terras por causa da usucapião. (correto)
3. Diabetes
O substantivo “diabetes” também sofre, coitado! Poucos utilizam seu gênero corretamente. No exemplo abaixo, temos o erro popularizado que tantos cometem. Observe:
Essa diabetes está debilitando nosso pai dia a dia.
Talvez, por se tratar de nome de doença, alguns imaginam que diabetes seja substantivo feminino. Completo engano, pois diabetes pertence ao gênero masculino, sim, senhor!
Minha diabetes não me impede de fazer quase nada. (errado)
Meu diabetes não me impede de fazer quase nada. (correto)
Esse diabetes está debilitando nosso pai dia a dia. (correto)
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Revisão: Jáder Cavalcante
É com profundo pesar que a Universidade Federal do Maranhão comunica o falecimento da senhora Maria Salomé Diniz da Silva, lotada na copa da Reitoria, ocorrido nesta sexta-feira, 17. Antes do gabinete da reitoria, ela estava lotada no Colégio Universitário, na função de cozinheira.
A Universidade se solidariza com familiares e amigos e presta consternação pela perda.
Revisão: Jáder Cavalcante
Artigo definido.
Hoje vamos abordar dois casos em que o uso do artigo (ou a ausência dele) configura erro gramatical. O primeiro caso se trata na omissão errada do artigo. Observe o exemplo abaixo:
Eu não vou poder dividir a conta, pois esqueci minha carteira em casa.
Duplamente errado! Não se devem usar os pronomes possessivos (meu, minha, teu, tua, seu, sua, etc.) quando se referir a partes do corpo, peças do vestuário, objetos de uso pessoal e parentescos. Nesses casos, use os artigos definidos, pois estes terão valor de possessivo.
Ele quebrou sua mão. (errado)
Ele quebrou a mão. (correto)
Calce suas botas. (errado)
Calce as botas. (correto)
Ele levou sua mãe ao médico. (errado)
Ele levou a mãe ao médico. (correto)
Eu não vou poder dividir a conta, pois esqueci a carteira. (correto; quer dizer, correto o português, já a atitude... essa, de esquecer a carteira, é velha conhecida nossa)
O segundo caso de infração gramatical com artigo se dá na contração errada deste com uma preposição, como exemplificado abaixo:
Ontem fui entrevistado pelo editor de cultura do Estado de São Paulo.
É muito comum a aglutinação dos artigos O, A, OS e AS com as preposições DE (resultando em DO, DA, DOS e DAS), A (resultando em AO, À, AOS e ÀS) e EM (resultando em NO, NA, NOS e NAS). Acontece que essa contração não se aplica quando o artigo iniciar nome próprio de jornal ou obra de arte, como: Os Lusíadas, O Globo, A Gazeta, Os Girassóis, O Clarim, O imparcial, A Moreninha, O Cortiço, etc.
Exemplos:
Qual é o primeiro verso dos Lusíadas? (errado)
Qual é o primeiro verso de Os Lusíadas? (correto)
Eu li essa notícia no Imparcial. (errado)
Eu li essa notícia em O Imparcial. (correto)
Refiro-me a Os Girassóis, não a Guernica. (correto)
Ela leu essa notícia no estado do Maranhão. (significa que ela não viajou para fora do estado para tomar ciência do fato)
Ela leu essa notícia em O Estado do Maranhão. (Ela soube por meio do maior jornal do Maranhão)
Ontem fui entrevistado pelo editor de cultura de O Estado de São Paulo. (correto)
A caminhada – que por si só tem efeitos internos para o corpo humano – é, também, veículo de aproximação social para idosos, quando feita em ambientes externos, principalmente para aqueles com reduzidos círculos de amizades e uma rotina marcada pela ministração de medicamentos diversos no decorrer dos dias tediosos. A reportagem a que me referi mostra que a caminhada impulsiona ao melhor funcionamento do cérebro, na terceira idade, reduzindo, inclusive, o risco da doença de Alzheimer. Acalma a ansiedade, melhora o humor e até desenvolve laços comunitários.
No consultório, por diversas vezes, ao atender pacientes idosos, percebia de início aqueles que mantinham uma rotina equilibrada de caminhadas diárias. Mais falantes, conseguiam adiar os problemas tão comuns a essa fase da vida. Já aqueles que se recolhiam às suas casas – apenas por comodismo ou outra intercorrência que os impediam de dar as passadas necessárias – revelavam-se pessoas com mais queixas físicas e emocionais.
Vivemos em uma época em que o óbvio parece ser surpreendente e o rotineiro é celebrado. Isso tudo é consequência inevitável do longo período em que nos acostumamos a mediar nossa comunicação pelas tecnologias disponíveis, em consequência do que o contato presencial com outras pessoas ficou mais raro. Quantos de nós não conhecemos pessoas que se distanciaram umas das outras e se isolaram de qualquer contato, por mínimo que fosse e, passado o tempo áureo da pandemia, insistem em manter esse hábito?
Talvez ainda não tenhamos – e pode ser que demore, para que possamos ter – a exata dimensão do quanto a pandemia afetou nossas vidas de forma indelével em todos os aspectos. Daí alguns resultados, agora já conhecidos, e outros, que se revelarão com o tempo. De qualquer modo acredito que o público idoso, já tão acossado com as vicissitudes dessa quadra da vida, seja um dos que mais foi atingido com o isolamento social forçado e que, compreensivelmente, ainda resiste a retomar certos hábitos necessários, a exemplo da caminhada.
A poeta Cora Coralina deu uma recomendação que é atual, principalmente neste cenário: “Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos. Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo”. Faço coro à fala de Cora: triste é morrer num ano e ser enterrado apenas anos mais tarde. Ou como constatou, pasma, Cecília Meireles: já não se morre de velhice (...) só de indiferença. Por isso, receito: dentro das circunstâncias possíveis, aqueles que ultrapassaram as seis décadas de vida devem olhar o presente como a palavra que o representa. Como uma dádiva a ser desfrutada, aproveitada em cada um dos dias. Caminhem, sonhem e sejam felizes.
O que pode parecer simples e até banal é, na realidade, um poderoso instrumento de acesso a vários benefícios, a exemplo de prevenção de saúde física, emocional e um vetor de novas habilidades de comunicação.
Quando me deparei com a reportagem publicada esta semana pelo prestigiado NY Times, que trouxe os dados de uma pesquisa recente sobre os benefícios da caminhada lenta para a mente dos idosos, lembrei dos versos de O velho do espelho - de Mário Quintana”, poeta gaúcho, que descreveu, como poucos, a terceira idade. Transcrevo-os aqui, para não termos que sentir a dor do reflexo de nossa própria velhice:
“(...)Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse Que me olha e é tão mais velho do que eu? Porém, seu rosto... é cada vez menos estranho... Que importa? Eu sou, ainda, Aquele mesmo menino teimoso de sempre”.
Natalino Salgado Filho
Médico Nefrologista, Reitor da UFMA, Titular da Academia Nacional de Medicina, Academia de Letras do MA e da Academia Maranhense de Medicina.
Publicado em O Estado do MA, em 28/08/2021
Ponto-aspa x Aspa-ponto
Hoje um amigo me ligou perguntando sobre a ordem como devem aparecer no texto a aspa e o ponto, qual vem antes de qual. Como a pergunta é muito pertinente, pois é um assunto dominado por poucos, é o que vamos abordar em nossa coluna hoje.
A regra é muito simples: o ponto deve ficar antes da aspa se esta englobar todo o período.
Mas antes de exemplificar essa regra, vamos relembrar alguns conceitos básicos:
a) Frase: qualquer enunciado de sentido completo, podendo ser formado por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou não.
Exemplos: Rua!
Com licença.
Muito obrigado.
Hoje senti uma forte dor de cabeça.
b) Oração: qualquer enunciado, não necessariamente de sentido completo, desde que tenha verbo.
Exemplos: Cheguei!
Como a casa está suja!
...se estaria em casa à noite.
Hoje senti uma forte dor de cabeça.
Obs. 1: Observe que, no terceiro exemplo acima, a oração isolada não faz sentido. No entanto, se estiver antecedida de “Ela não informou...”, teremos duas orações, uma complementando a outra (Ela não informou se estaria em casa à noite).
Obs. 2: O quarto exemplo acima é o mesmo quarto exemplo da explicação sobre “frase”, o que indica que uma oração de sentido completo também é uma frase.
c) Período: qualquer enunciado antecedido de ponto (que pode ser ponto simples, ponto parágrafo, de interrogação ou de exclamação) e finalizado com ponto. É claro que o primeiro período de um texto não poderá ser antecedido de ponto.
Exemplos: Ele gritou com a vendedora. Rua! E essa foi a palavra mais amena utilizada.
Ele gritou com a vendedora: Rua! E essa foi a palavra mais amena utilizada.
Obs. 1: No primeiro exemplo acima, temos três períodos simples, os três finalizados com ponto.
Obs. 2: No segundo exemplo acima, temos dois períodos simples, ambos finalizados com ponto. Lembre que os dois-pontos não são considerados ponto, portanto um período não finaliza em dois-pontos.
Mais exemplos: Não fui ao trabalho. Hoje senti uma forte dor de cabeça.
Não fui ao trabalho, pois hoje senti uma forte dor de cabeça.
Obs. 1: No primeiro exemplo acima, temos dois períodos simples, ambos finalizados com ponto.
Obs. 2: Já no segundo exemplo, temos apenas um período, que tem duas orações, razão pela qual é chamado de período composto.
d) Aspa: sinal gráfico (“) usado para destacar um trecho de um texto por ser uma gíria, uma palavra ou expressão estrangeira, uma citação ou a critério do autor para simplesmente destacar o trecho.
Relembrados esses conceitos, vamos voltar à sequência aspa-ponto. Como dito, o ponto deve ficar antes da aspa se esta englobar todo o período. Se a aspa de abertura não estiver antecedida de ponto, a aspa de fechamento deve ficar antes do ponto.
Exemplos: ... soldados de Roma. “Vim, vi e venci.” Essa frase de Júlio César exprime...
... soldados de Roma: “Vim, vi e venci”. Essa frase de Júlio César exprime...
Como dizia nosso professor, “tem que ralar”. E a vida é assim mesmo.
Obs. 1: No primeiro exemplo acima, temos a aspa de abertura antecedida de um ponto, logo a aspa de fechamento foi colocada depois do ponto.
Obs. 2: No segundo exemplo, a frase aspeada está antecedida de dois-pontos, portanto o trecho aspeado não engloba todo o período.
Obs. 3: No terceiro exemplo, o trecho aspeado está antecedido de vírgula, logo as aspas não estão englobando todo o período.
Continuando com as explicações sobre aspas, vamos falar das aspas simples (‘). Estas devem ser utilizadas quando for necessário destacar alguma palavra ou expressão dentro de um texto já aspeado.
Exemplos: Meu amor, desejo / Pelo mundo inteiro / Eu vejo / Que não tem quem prove / Pelé disse / “Love, love, love” / Na densa floresta feliz prolifera.
Gosto muito daquela música de Caetano em que ele fala “Meu amor, desejo / Pelo mundo inteiro / Eu vejo / Que não tem quem prove / Pelé disse / ‘Love, love, love’ / Na densa floresta feliz prolifera”.
Observe a diferença de aspeamento no trecho “Love, love, love” no primeiro e no segundo exemplos, conforme explicado.
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Revisão: Jáder Cavalcante
Apresentando mais alguns casos de pleonasmo, em continuidade à publicação de 28 de setembro de 2020, vamos abordar hoje mais quatro casos de redundância que, de tão comuns, passam despercebidos pela maioria dos falantes da língua portuguesa. Vamos a eles:
1. Fazer novos amigos
Veja, no exemplo abaixo, o uso errado dessa expressão:
Ela adora viajar, conhecer pessoas e fazer novos amigos.
A expressão “fazer amigos” significa “adquirir novas amizades”, sendo dispensável o adjetivo “novos” na expressão. Limite-se a dizer somente:
Ela adora viajar, conhecer pessoas e fazer amigos.
2. Multidão de pessoas
Uma multidão de pessoas lotou a praia do Calhau durante o réveillon.
O coletivo “multidão” é específico para designar “pessoas”. Para cães, é matilha; para bois, é manada; e utilizamos nuvem para nos referir a insetos. Sendo específico, um coletivo prescinde do substantivo que caracteriza, por isso é que não se diz “um cardume de peixes”, porque todo cardume refere-se a peixes. Somente quando particularizamos o substantivo é que podemos utilizá-lo após o coletivo, o que nos permite dizer: “um cardume de peixes tropicais”. Por isso vamos melhorar nosso exemplo inicial, que pode ser escrito de duas maneiras distintas:
Uma multidão lotou a praia do Calhau durante o réveillon.
ou Uma multidão de pessoas entusiasmadas lotou a praia do Calhau durante o réveillon.
3. Inteiramente grátis
Na linguagem publicitária, observa-se esse erro o tempo todo. Observe:
Compre dois baldes e leve inteiramente grátis uma flanela.
Se “grátis” significa “sem ônus”, qual é a necessidade do advérbio de intensidade (inteiramente)? As boas práticas gramaticais nos ensinam a falar assim:
Compre dois baldes e leve grátis uma flanela.
4. Convidados presentes
Agora um caso que quase virou jargão, e as pessoas nem se dão conta do erro:
Após a cerimônia, será oferecido um coquetel aos convidados presentes.
Você pode até dizer que “será feito o sorteio de um livro entre os convidados presentes”, uma vez que é possível incluir na lista que vai escolher o sortudo todas as pessoas convidadas para a cerimônia, tendo ela comparecido ou não. Mas será que alguém consegue oferecer uma taça de champanha ou mesmo um salgadinho aos convidados ausentes? Claro que não!
A forma mais correta seria:
Após a cerimônia, será oferecido um coquetel aos convidados.
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Revisão: Jáder Cavalcante
Este x Esse
Na segunda-feira passada, abordamos o uso dos pronomes demonstrativos fazendo referência a tempo (presente, passado e futuro). Hoje, continuando o assunto, vamos falar sobre o uso dos pronomes demonstrativos referindo-se a elementos do texto (falado ou escrito). Observe, no exemplo abaixo, uma infração muito comum:
Acho que ele deveria pedir desculpas à população publicamente, mas sabemos que ele nunca vai fazer isto.
Esse uso errado do pronome “isto” e seus derivados (este, esta, estes e estas) é visto com frequência em textos profissionais e científicos. Para nunca mais errar, leve em consideração que os pronomes demonstrativos podem ser usados para fazer referência a elementos que já foram mencionados no texto ou que ainda vão ser mencionados, e, para cada situação, utiliza-se um pronome diferente. Vamos às regras:
1. Se no texto você vai mencionar algo, deve usar o pronome demonstrativo “isto” (e derivados) para fazer referência ao elemento a ser mencionado.
Este é o problema de todos: falta de dinheiro.
Os mais puros sentimentos humanos são estes dois: amor e amizade.
O que vou responder quando ele propuser me readmitir no emprego é isto: “nunca, jamais”.
2. Se você quiser fazer referência a algo já mencionado no texto, use o pronome demonstrativo “isso” (e derivados).
Falta de dinheiro: esse é o problema de todos.
Amor e amizade: esses são os dois mais puros sentimentos humanos.
“Nunca, jamais”, é isso que vou responder quando ele propuser me readmitir no emprego.
Em nosso exemplo inicial, o pronome demonstrativo refere-se ao fato de que “alguém deveria pedir desculpas à população”, fato já citado, portanto o pronome correto seria isso. Corrijamo-lo, então:
Acho que ele deveria pedir desculpas à população publicamente, mas sabemos que ele nunca vai fazer isso.
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Revisão: Jáder Cavalcante
Esse
Os pronomes demonstrativos têm peculiaridades que passam despercebidas para muita gente durante a idade escolar. Por causa disso, esse aspecto da Língua Portuguesa é um dos mais infringidos, e poucos se dão conta de que estão errando ao falar ou escrever. Observe um desses casos no exemplo abaixo:
Vamos reiniciar as obras do hospital ainda esse ano.
Quando for se referir a tempo, os pronomes demonstrativos a serem utilizados são os seguintes:
Passado remoto: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo.
A família real mudou-se para o Brasil em 1808. Naquela época, Napoleão ameaçava invadir Portugal.
Aquela época em que Jesus viveu era dominada pelos romanos.
Aquele ano de 1922 foi marcante para a produção artística nacional.
Passado recente: esse, essa, esses, essas, isso.
No sábado passado, fui ao teatro ver Hamlet. Essa noite será inesquecível.
No começo deste mês, meu apartamento foi assaltado, mas eu não estava em casa nesse dia.
Ontem de manhã, a terra tremeu. Nesse momento, pensei que a casa ia cair.
Presente: este, esta, estes, estas, isto.
Preciso terminar o serviço ainda este mês pois viajarei dentro de dez dias.
O médico não pode me atender nesta semana, só na próxima.
Hoje já é domingo, e não fiz nada neste fim de semana.
Futuro: esse, essa, esses, essas, isso.
Previsão do tempo: vai chover na capital nesse fim de semana.
O prefeito prometeu um novo hospital para esse próximo ano.
Voltarei na próxima semana. Se não o encontrar nesse dia, redepositarei o cheque.
Normalmente, as apresentadoras de televisão que informam o tempo, quando fazem a previsão para o fim de semana, dizem:
Teremos bastante calor neste fim de semana.
Há risco de temporal neste fim de semana..
Ora, elas só podem fazer a previsão na quinta ou na sexta-feira, portanto o fim de semana, para a apresentadora, será um momento futuro, e ela deveria usar o pronome esse:
Teremos bastante calor nesse fim de semana.
Há risco de temporal nesse fim de semana..
Como ela usa “este”, e “este” deve ser usado para se referir a um tempo presente, essa frase só poderá ser dita durante o fim de semana, no sábado ou no domingo, ou seja, depois que o fim de semana tiver iniciado, mas então não será previsão do tempo: será constatação do tempo.
Corrigindo o exemplo inicial:
Vamos reiniciar as obras do hospital ainda este ano.
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Revisão: Jáder Cavalcante
1. O qual
Hoje vamos falar sobre estética linguística, não sobre infração gramatical. E o assunto escolhido foi o pronome “o qual”. Veja o uso inadequado desse pronome no exemplo abaixo:
Este trabalho de pesquisa, o qual visa investigar os maus-tratos a que se submetem as mulheres de baixa renda, foi realizado em conjunto com a Polícia Militar do Maranhão.
Em textos escritos, evite o uso excessivo de o qual, a qual, os quais e as quais. Dê preferência ao pronome relativo “que”. Somente utilize a primeira opção quando o uso do “que” trouxer ambiguidade (dupla interpretação) para o texto. Observe:
Este é o livro de matemática que o professor recomendou. (não existe ambiguidade, não há razão para usar “o qual”)
Conheci a irmã do médico que ganhou na Megassena. (Quem ganhou: ela ou ele?)
Para evitar a ambiguidade, usamos o qual ou a qual.
Conheci a irmã do médico a qual ganhou na Megassena. (Agora não existe dúvida de quem ganhou foi ela)
Mais um exemplo em que o uso de “o qual” é aconselhável em vez de “que”:
Onde está a capa do violão que lhe emprestei?
Mais uma vez, o uso de “que” causa uma dupla interpretação, pois não fica claro se o objeto do empréstimo é o violão ou a capa. Lancemos mão então de “o qual” e “a qual”:
Onde está a capa do violão a qual lhe emprestei? (emprestei a capa)
Onde está a capa do violão o qual lhe emprestei? (emprestei o violão)
Não havendo ambiguidade, deve-se evitar “o qual” e derivações, por isso vamos corrigir nosso exemplo inicial:
Este trabalho de pesquisa, que visa investigar os maus-tratos a que se submetem as mulheres de baixa renda, foi realizado em conjunto com a Polícia Militar do Maranhão.
2. Cada
O assunto a ser abordado agora é alvo de infrações constantes, pois é infringindo a gramática que a maioria das pessoas se comunica. Veja o exemplo:
Foi difícil achar estes discos raros, e paguei mil reais por cada.
O pronome cada nunca pode estar desacompanhado de substantivo, pronome ou numeral. Observe os exemplos a seguir:
Promoção de blusas a R$ 15,00 cada. (errado)
Promoção de blusas a R$ 15,00 cada uma. (correto)
Os cocos custaram dois reais cada. (errado)
Os cocos custaram dois reais cada um. (correto)
Foi difícil achar estes discos raros, e cada um custou mil reais. (correto)*
* O exemplo inicial foi modificado para evitar o cacófato “por cada”. (=porcada)
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