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Projeto da UFMA leva energia elétrica para a Ilha dos Lençóis

publicado: 21/04/2012 00h00, última modificação: 20/07/2022 21h54
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Globo Universidade deste sábado, entrevistou o professor Osvaldo Saavendra, do Instituto de Energia Elétrica (IEE) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que coordenou o Programa Sistema de Geração Elétrica Sustentável para a Ilha de Lençóis – Cururupu, Maranhão. O projeto foi desenvolvido por pesquisadores e alunos do Núcleo de Energia Alternativa (NEA), e por seu sucesso, o Governo Federal está interessado em expandi-lo para outras comunidades do Norte do país.

O projeto foi desenvolvido para abastecer a comunidade da Ilha dos Lençóis com energia gerada a partir de fontes energia eólica (dos ventos) e solar. Antes da implantação do projeto na ilha, a comunidade só tinha fornecimento de energia proveniente de um gerador a diesel, que funcionava quatro horas por dia. “A motivação inicial do projeto foi exatamente a de desenvolver um sistema piloto para atender com energia elétrica comunidades isoladas, dentro do Programa Luz para Todos”, explica o professor Luiz Antonio Ribeiro, também do IEE.

A pesquisa começou em 2005, com o desenvolvimento da tecnologia, em parceria com empresas privadas nacionais, destacando-se a CP Eletrônica, sediada em Porto Alegre. Junto com a equipe da UFMA, a empresa desenvolveu os inversores de tensão que, de acordo com Ribeiro, estão sendo utilizados no projeto de forma muito satisfatória. Os equipamentos foram desenvolvidos para serem robustos e operarem em paralelo, garantindo confiabilidade ao sistema.

Para a execução do projeto, a equipe do NEA contou com o suporte financeiro do Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Eletrobrás. Dentre os colaboradores também se destacam a empresa Rockwell Automation e outros agentes públicos, como o IBAMA e a Prefeitura do Município de Cururupu.

Antes da combinação entre energia eólica e solar, alternativas como células combustíveis ou a queima direta de biodiesel foram cogitadas para a geração de energia na região. No entanto, não foram escolhidas devido ao custo elevado, às dificuldades e às condições ambientais e geográficas da ilha, isolada e inserida em uma reserva extrativista. “A energia solar e eólica eram as opções para atender a essa comunidade sem impacto ao meio ambiente”, diz Saavendra.

A ajuda da comunidade foi essencial para a implantação do projeto (Foto: Divulgação)

A ajuda da comunidade foi essencial para a implantação do projeto (Foto: Divulgação)

Segundo os pesquisadores, para a escolha da fonte energética para o projeto também foram fundamentais os aspectos favoráveis da região: bastante vento e sol. “A combinação é adequada porque a ilha se encontra próximo do Equador, com boa irradiação solar, e com um significativo potencial eólico”, explica Saavendra. “Em alguns momentos estas fontes se complementam.”

A implantação do projeto foi realizada em 2008, apesar da dificuldade logística, gerada devido à distância da capital e à falta de meios para transportar os equipamentos dentro da ilha. Os moradores locais ajudaram no carregamento das turbinas e outros materiais pelas dunas de areia da ilha, até a instalação dos equipamentos. “O apoio da comunidade foi essencial nesta parte”, afirma Ribeiro. O gerador de energia se encontra em pleno funcionamento na Ilha dos Lençóis desde julho do mesmo ano

Os pesquisadores afirmam que o atendimento a outras localidades isoladas com energia limpa pelas concessionárias estaduais de energia deverá se concretizar muito em breve. Uma base legal para viabilizar a implantação desses projetos vem sendo elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), juntamente com agentes envolvidos no processo, como o MME, as próprias concessionárias e as universidades.

De acordo com Ribeiro, a concessionária local, no caso a Companhia Energética do Maranhão (CEMAR), já sinaliza com a possibilidade de instalação de sistemas deste tipo, em pelo menos 11 novas comunidades residentes em ilhas do estado do Maranhão. São elas: Bate Vento, Iguará, Mirinzal, Porto do Meio, Retiro, Valha-me Deus, Porto Alegre e Perú, todas em Cururupu. Da região de Turiaçu, também devem ser atendidas as ilhas de Igarapé Grande, Sababa e Cunhã Cuema.

Os geradores de energia podem ser adaptados para outras localidades (Foto: Divulgação)

Os geradores de energia podem ser adaptados para outras localidades (Foto: Divulgação)

Entretanto, Ribeiro ressalta que é importante observar que o tipo de fonte de geração a ser utilizada depende da localidade. Os projetos que possuem matrizes energéticas renováveis são modulares, assim, podem ser usados com várias fontes diferentes de energia. Em outras palavras, para adaptar o tipo de energia utilizada em outras comunidades, basta aumentar o tamanho das unidades geradoras e o número de inversores utilizados.

Por outro lado, o uso de baterias ainda é uma forma clássica de armazenar energia, para que se possa atender à demanda energética das comunidades nos momentos de baixo potencial eólico e solar. De acordo com Ribeiro, existem outras maneiras, porém ainda em fase de pesquisa ou com altos custos. "Caso o sistema esteja próximo a uma rede elétrica convencional, o próprio sistema elétrico cumpre a função de armazenador de energia, reduzindo os custos de manutenção. Fica mais simples.”, complementa Saavendra.

Fonte: Globo Universidade

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