Informações do Projeto Político Pedagógico

 

TURNO: Vespertino e Noturno
PERIODICIDADE: Semestral
INTEGRALIZAÇÃO: 5 anos
VAGAS TOTAIS ANUAIS: 20 vagas
CARGA HORÁRIA DO CURSO: 3.930 horas
PERÍODOS (QUANTIDADE): 10 períodos

Projeto Político Pedagógico


1. PERFIL DO CURSO:

  • 1.1 JUSTIFICATIVA DA OFERTA DO CURSO:

A ciência, a tecnologia e a inovação são, no cenário mundial contemporâneo, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda e para a democratização de oportunidades. O trabalho de técnicos, cientistas, pesquisadores e acadêmicos e o engajamento das empresas são fatores determinantes para a consolidação de um modelo de desenvolvimento sustentável, capaz de atender às justas demandas sociais dos brasileiros e de fortalecer a soberania nacional. É uma questão de Estado, que ultrapassa os governos.

Nas últimas décadas, a economia mundial vem passando por um período de intensa transformação e de forte aumento da concorrência internacional. O progresso técnico e a competição em escala global mostram que, sem sérios e constantes investimentos em ciência, tecnologia e inovação, um país dificilmente alcançará o desenvolvimento virtuoso e ambientalmente sustentável, no qual a competitividade não dependa da exploração predatória de recursos naturais ou humanos.

É preciso continuar a investir na formação de recursos humanos de alto nível e na acumulação de capital intangível – a incorporação de conhecimento na sociedade brasileira. É necessário, ao mesmo tempo, integrar a política de Ciência, Tecnologia e Inovação à política industrial, bem como a inclusão cada vez mais presente da variável ambiental nos processos de tomada de decisão, para que as empresas sejam estimuladas a incorporar a inovação e o uso eficiente dos recursos naturais em seu processo produtivo, uma das mais eficientes formas de aumentar sua competitividade global.

Essa mudança de cenário vem exigindo das empresas capacidade permanente de mudar sua organização interna, absorver novas tecnologias e processos, e de gerar novos produtos. Isto tem provocado alterações na composição da força de trabalho industrial, fornecendo uma maior ênfase em trabalhadores qualificados, em todos os níveis. As consequências desse novo ritmo de progresso técnico e da competição no mercado incluem também a crescente internacionalização das indústrias e mercados, e a redefinição das linhas de produção, com especialização em alguns segmentos da cadeia produtiva ou em alguns nichos da produção. São também estimuladas, muito frequentemente, novas associações e fusões entre empresas de diferentes países, pelo alto custo financeiro da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e pelo encurtamento do ciclo de vida dos novos produtos.

Todo esse impacto global também vem sendo percebido na economia do Maranhão. Nos últimos 25 anos, a economia do Estado contabilizou a instalação de várias empresas de grande porte, tais como Vale, Alumar, AmBev, Grupo Schincariol, Bunge, dentre outras. Isso se refletiu no crescimento do PIB, que já em 2011 ultrapassou o patamar de R$ 50 bilhões, impulsionado, principalmente, pelos setores agropecuário e industrial (principalmente pela exportação de commodities como alumínio, soja e produtos do complexo ferro).

Atualmente, o setor industrial responde por uma parcela expressiva do PIB do Maranhão e esse percentual tende a aumentar. Considerando apenas o ano de 2007, houve a instalação, no Estado, de várias unidades industriais de diferentes áreas: bebidas, sementes, carne e embutidos (Região Tocantina); biomassa e bloco estrutural (Itapecuru-Mirim); agricultura (soja, milho, cana-de-açúcar, entre outros), açúcar e álcool (Balsas); couro wet-blue (Vitória do Mearim) e laticínios (Pindaré). Em 2009, quando veio o empreendimento da Suzano (R$ 3 bilhões), já estavam em fase de implantação a Diferencial MPX Energia (R$ 1 bilhão) e a Comanche Clean Energy (R$ 500 milhões), totalizando R$ 4,5 bilhões, o que já supera o volume total de investimentos externos do ano anterior, que foi de pouco mais de R$ 3 bilhões.

Não menos importantes que estes, podem ser citados ainda os projetos em fase de implantação, com início em 2012-2013, como a instalação da Refinaria Premium, da Petrobrás, e a Companhia Siderúrgica do Maranhão, o que significa um aporte de recursos muito volumosos à economia do Estado. Por fim, outra área com grande potencial de crescimento no Maranhão é o setor aeroespacial. No segundo semestre de 2012, a empresa Alcântara Cyclone Space (ACS) – uma joint-venture Brasil-Ucrânia – deverá iniciar o lançamento de satélites comerciais, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Essa parceria, em particular, representa o ingresso do Brasil no mercado mundial de lançamento de satélites, disputando orçamentos da ordem de U$ 14 bilhões, em um período de 10 anos. Todos esses projetos demandarão, em médio prazo, profissionais competentes em diversas áreas, e, em especial, profissionais nas áreas de engenharia, ciência e tecnologia.

A cidade de Balsas, onde o curso será instalado, está situada na região Sul do Estado do Maranhão, com população estimada em 93.511 mil habitantes (IBGE – 2016), terceira maior cidade do estado em território urbanizado. O município é cortado pela rodovia Transamazônica e tem como principal atividade econômica o agronegócio. A principal plantação é de soja, responsável por 10% da produção nacional, seguida das lavouras de milho e algodão. Equipamentos modernos e tecnologia para melhorar sementes tentam elevar ainda mais a produtividade na região, cuja cultura do agronegócio começou no final dos anos 1970, com a chegada de moradores de outros estados, em especial do Rio Grande do Sul. Essa característica da regional justifica a criação do curso de Engenharia Ambiental, uma vez que o profissional desta área pode ser bastante útil na redução dos impactos ambientais resultantes da agricultura mecanizada e contribuir para a gestão ambiental do setor.

O curso de bacharelado em Engenharia Ambiental, de natureza interdisciplinar, representa uma alternativa avançada de estudos superiores, que permitirá reunir, em uma única modalidade de curso de graduação, um conjunto de características que vêm sendo requeridas pelo mundo do trabalho e pela sociedade contemporânea.

Analisando o cenário acima exposto e no que se refere às questões ambientais, existe uma demanda por profissionais generalistas, devido à complexidade e à diversidade dos temas envolvidos, porém com formação interdisciplinar sólida. O desenvolvimento econômico do país, aliado ao estilo de vida consumista da sociedade, vem ocasionando impactos ambientais e sociais diversos; e o equacionamento destes não pode mais ser visto a partir de soluções baseadas em tecnologias de “comando e controle”, onde são criadas leis cada vez mais restritivas, para as quais se espera uma “reação”, através da adoção de equipamentos e tecnologias de controle. É necessária uma mudança de postura da sociedade, e o profissional da área ambiental tem que estar preparado, pois além de sua atuação técnica, espera-se uma formação humanista e crítica, que o faça atuar também como agente modificador de um comportamento insustentável.

A questão ambiental apresenta-se como um desafio à sociedade, principalmente quando se busca atender às demandas econômicas, sociais e ambientais. Embora o tema já venha sendo discutido há décadas, ainda há o desconhecimento da real necessidade da preservação dos sistemas ambientais, em como da relação direta destes com a qualidade de vida.

Vários são os problemas que afetam a meio ambiente e dentre estes, pode-se citar todas as formas de poluição da água, ar e solo, a falta de controle em exploração aos recursos naturais e o déficit de saneamento, sendo essa uma área bastante carente no país e, nesse caso, no Estado do Maranhão.

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE em 2008, 18% da população brasileira não possuem rede coletora de esgoto, ficando sujeita aos riscos de doenças decorrentes da exposição direta ao esgoto. A pesquisa apresenta um quadro igualmente alarmante relacionado à questão dos resíduos sólidos, no qual 50,8% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos domiciliares em lixões, e outros 22,5% depositam em aterros controlados; ambas as alternativas não são adequadas do ponto de vista técnico, ambiental e legal.

Esse panorama permite inferir que as quantidades de resíduos geradas podem estar acima da real capacidade de manejo técnica e economicamente viável, e de assimilação pelo meio ambiente. É preciso, pois, mudar areação da sociedade com o ambiente em que ela vive.

O Engenheiro Ambiental, por sua formação generalista, poderá atuar nos diversos segmentos da sociedade, nas esferas públicas e privadas; e precisa aliar ao conhecimento tecnológico os conteúdos relacionados à legislação ambiental e às ciências sociais e humanas, de forma a atuar em todas as frentes relacionadas como meio ambiente, não apenas como agente modificador deste, mas, sobretudo, como agente transformador da sociedade.

 

2. PERFIL DO EGRESSO:

  • 2.1 Características Gerais

De acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Educação – Câmara de Ensino Superior – CNE/CES2 de 11 de março de 2002, o Curso de Graduação em Engenharia tem como perfil do egresso/profissional o engenheiro, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e a desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade.

O curso de Engenharia Ambiental almeja um profissional apto para perceber os elementos e processos relacionados ao meio ambiente natural e ao construído, com base nos fundamentos teóricos e metodológicos da Engenharia e a aplicação desse conhecimento na busca do desenvolvimento socioeconômico e ambiental. O graduado na Engenharia Ambiental deve ser capaz de enfrentar os desafios relacionados ao desenvolvimento sustentável, tornando possível a continua evolução tecnológica baseada em princípios de gestão integrada. Ao engenheiro compete a realização e concretização de projetos que envolvam questões ambientais.

O engenheiro ambiental será um profissional, que, sem perder sua vocação principal, consiga agregar conhecimento para que as diferentes áreas profissionais venham a desenvolver suas atividades com boas práticas ambientais, objetivando melhorar o trinômio meio ambiente, desenvolvimento econômico e qualidade de vida, atualmente tão inserido nas sociedades modernas.

  • 2.2 Competências e Habilidades

A formação do engenheiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais:

  1. Aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à engenharia;
  2. Avaliar processos ambientais sob uma visão holística;

III. Realizar projetos e conduzir experimentos;

  1. Analisar e interpretar dados;
  2. Desenvolver trabalhos relacionados à preservação, recuperação e controle da qualidade da água, do ar, do solo e da vegetação;
  3. Identificar e desenvolver soluções de problemas associados à geração de resíduos sólidos,

líquidos e gasosos;

VII. Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;

VIII. Elaborar e coordenar projetos sobre indicadores ambientais, análises de riscos e impactos ambientais decorrentes da ação humana;

  1. Avaliar a viabilidade econômica de projetos ambientais;
  2. Avaliar criticamente a operação e manutenção de sistemas, conhecendo os limites e as

consequências da ação humana em sua interação com o meio ambiente;

  1. Desenvolver estudos relacionados às diferentes fontes de geração de energias renováveis e não-renováveis;

XII. Elaborar projetos de gestão ambiental visando o desenvolvimento sustentável;

XIII. Atuar em auditorias ambientais;

XIV. Ser um agente de transformação, de forma ética e responsável para com os recursos naturais.

Além das competências e habilidades determinadas pelo Ministério da Educação, os cursos de Engenharia têm a sua atuação profissional regulamentada pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – CONFEA e, especificamente em sua resolução nº 1010 de 22 de agosto de 2005, define as seguintes atribuições profissionais para a Engenharia Ambiental:

  1. Gestão, supervisão, coordenação e orientação técnica;
  2. Coleta de dados, estudo, planejamento, projeto e especificação;

III. Estudo de viabilidade técnico-econômica e ambiental;

  1. Assistência, assessoria e consultoria;
  2. Direção de obra ou serviço técnico;
  3. Vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria, arbitragem;

VII. Desempenho de cargo ou função técnica;

VIII. Treinamento, ensino, pesquisa, desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, divulgação técnica, extensão;

  1. Elaboração de orçamento;
  2. Padronização, mensuração, controle de qualidade;
  3. Execução de obra ou serviço técnico;

XII. Fiscalização de obra ou serviço técnico;

XIII. Produção técnica e especializada;

XIV. Condução de serviço técnico; e

  1. Execução de desenho técnico.

 

  • 2.3 Campo de Atuação do Engenheiro Ambiental

O Engenheiro Ambiental é um dos profissionais que atuam na área de saneamento ambiental, desde o planejamento à execução de projetos dessa área, desde que atendido a realização das disciplinas da área de saneamento, o que já é garantido na estrutura curricular presente nesse Projeto Pedagógico. As atribuições na área de saneamento ambiental que o Engenheiro Ambiental formado na UFMA, campus de Balsas, terá são:

  1. sistemas de abastecimento de água, incluindo captação, adução, reservação, distribuição e tratamento de água;
  2. sistemas de distribuição de excretas e de águas residuárias (esgoto) em soluções individuais ou sistemas de esgotos, incluindo tratamento;

III. coleta, transporte e tratamento de resíduos sólidos (lixo);

  1. controle sanitário do ambiente, incluindo o controle de poluição ambiental;
  2. controle de vetores biológicos transmissores de doenças (artrópodes e roedores de importância para a saúde pública);
  3. instalações prediais hidrossanitárias;

VII. saneamento de edificações e locais públicos, tais como piscinas, parques e áreas de lazer, recreação e esporte em geral;

VIII. saneamento dos alimentos.

O egresso do Curso de Engenharia Ambiental da UFMA, Campus de Balsas, deve ser capaz de atuar profissionalmente, de modo individual ou em equipe, nas seguintes formas:

– elaborar levantamentos e diagnósticos ambientais, caracterizando os meios físicos, bióticos e antrópicos dos compartimentos ambientais;

– desenvolver, utilizar e interpretar modelos matemáticos e simulação computacional para representação do comportamento dos compartimentos água, ar e solo sujeitos a poluição, degradação, interferência e impactos ambientais;

– elaborar levantamentos em indústrias e propor instrumentos de gestão, apontando possibilidades e meios de minimização da geração de resíduos e da utilização de recursos;

– elaborar e executar projetos de sistemas de infraestrutura de saneamento, tais como sistemas hidráulicos prediais, sistemas de abastecimento de água, sistemas de esgotamento sanitário (doméstico e industrial), sistemas de drenagem pluvial, equipamentos de controle da emissão de poluentes atmosféricos e sistemas para o gerenciamento de resíduos sólidos (urbanos, construção civil, de serviços de saúde, industriais, entre outros);

– operar sistemas e instalações de saneamento e controle da qualidade ambiental, dentro de suas atribuições;

– participar em trabalhos de gestão ambiental, gestão de recursos hídricos e gestão de saneamento.

– desenvolver, implantar e gerenciar políticas, programas e projetos ambientais nas áreas: gestão integrada de resíduos sólidos, estações de tratamento de água de abastecimento e de águas residuárias, prevenção e controle da poluição atmosférica, sistemas de gestão integrados (qualidade, segurança e ambiente), reabilitação de áreas degradadas, entre outros;

O Engenheiro Ambiental graduado na UFMA, Campus de Balsas, poderá atuar em diferentes esferas da sociedade, seja no ambiente rural, urbano e/ou industrial, através da participação em organizações públicas e privadas, nos setores primário, secundário e/ou terciário da economia, bem como em ONGs e na área de ensino, pesquisa e desenvolvimento (P&D).


3. FORMAS DE ACESSO AO CURSO

O curso de Engenharia Ambiental receberá discentes oriundos do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e Tecnologia (BICT) da UFMA ou de outras instituições com BICT equivalentes, não oferecendo vagas diretamente no SISU. Dessa maneira, o aluno interessado no curso deverá prestar SISU para o BICT e somente após ter graduado em Bacharel em Ciência e Tecnologia, o aluno entrará no curso de Engenharia Ambiental.

As normas do processo de seleção interna para o acesso à Engenharia Ambiental são as definidas no Projeto Pedagógico do BICT (PPC-BICT, 2013). Além disso, o aluno que seja graduado em uma engenharia ou já tenha iniciado um curso de engenharia com entrada via processo tradicional e queira realizar o curso de Engenharia Ambiental na UFMA, Campus de Balsas, deve fazer o processo de entrada via BICT, seja via Sistema de Seleção Unificada (SiSu) ou outro processo existente na UFMA, podendo pedir aproveitamento de disciplinas cursadas, seguindo as normas vigentes da UFMA para o processo de aproveitamento de estudos. Assim, poderá adquirir mais duas formações, em Bacharel em Ciência e Tecnologia e em Engenheiro Ambiental.