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Setores da UFMA unem esforços para confecção de máscaras e protetores faciais para o HU-UFMA

publicado: 06/04/2020 15h09, última modificação: 30/04/2020 14h12

SÃO LUÍS – Com o objetivo de ajudar os profissionais de saúde do Hospital Universitário (HU-UFMA), a Superintendência de Infraestrutura (Sinfra), o Departamento de Desenho e Tecnologia (Dedet) e o Laboratório de Prototipagem e Design (intitulado como Fabrique) da UFMA, em parceria com a Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), estão trabalhando na confecção de protetores faciais e de máscaras N95, por meio do processo de termoformação.

Os modelos dos produtos já estão na fase de validação pelo Hospital Universitário. Após a aprovação dos protótipos, estima-se a fabricação de uma série inicial de mil máscaras, a serem produzidas em cinco dias, por meio da construção de uma grande máquina de termoformação capaz de produzir oito máscaras em um único processo, segundo informações do professor do curso de Design Evandro Guimarães.

A também docente de Design e coordenadora do Laboratório de Prototipagem e Design, Karina Bomtempo, afirmou que dois tipos de protetores faciais estão sob análise e validação pelos profissionais de saúde do Hospital Universitário para as devidas correções, se necessárias, antes da replicação em larga escala.

Máscaras N95

Segundo Karina Porto Bontempo, a máscara N95 é um equipamento protetor que filtra o ar externo para quem respira usando-a, protegendo no sentido de fora para dentro, e o filtro evita a propagação dos fluidos de quem a utiliza.

“Estamos produzindo máscaras N95 reutilizáveis, construídas com material plástico de maior resistência e durabilidade, o que traz a vantagem de não ser necessário seu descarte, e, sim, apenas a troca do filtro, fazendo a limpeza e desinfecção das partes fixas”, fomentou.

Ela ainda frisou que máscaras reutilizáveis têm mais durabilidade e reduzem o custo com a aquisição de outras máscaras, refletindo diretamente no cenário de escassez de equipamentos de proteção que o mundo e o Brasil enfrentam atualmente em meio a essa pandemia.

As máscaras estão sendo produzidas por meio do processo denominado de termoformação vacuumforming, que consiste na compressão de uma lâmina de plástico aquecida e posteriormente amolecida contra um molde da máscara N95, na mesa de vácuo. Os moldes dos equipamentos utilizados na máquina de vacuumforming são feitos por meio de impressora 3D.

José Evandro Rodrigues Guimarães, docente do Dedet da UFMA, esclarece que, no processo de termoformação, são utilizadas lâminas de poliestireno de 2 mm e 1 mm, e PVC transparente de 2 mm. Já na impressão 3D, os moldes são feitos a partir da  modelagem com gesso, massa plástica e plastilina.

Ele explana que o arquivo para impressão 3D dos moldes utilizados para a confecção das máscaras N95 é um modelo adotado por várias universidades estrangeiras e que vem acompanhado de um alojamento de filtro de tecido, que também será impresso em 3D.

“Durante a construção do projeto, eu propus um redesenho da máscara, com o objetivo de facilitar o processo de fabricação, eliminando a impressão do alojamento do filtro na própria máscara. O filtro das máscaras que estão sendo produzidos por nós será preso por um retentor de borracha, e o filtro ficará acoplado entre o retentor e a máscara, o que facilita a troca”, detalhou o processo.

Esse processo recebe o apoio de profissionais da Sinfra (arquiteto, técnico de refrigeração, marceneiro e eletricista), além de estudantes do Bacharelado em Ciência e Tecnologia (BICT) e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Eletricidade (PPGEE) da UFMA.

Protetores Faciais ou Face Shield

Esse equipamento é um anteparo que serve de escudo contra as partículas que venham a ser lançadas contra o rosto dos profissionais de saúde. De acordo com a docente Karina Bontempo, são desenvolvidos dois tipos de protetores, o primeiro pela manufatura aditiva, conhecida também como impressão 3D, e o segundo manufaturado de forma simplificada e com material alternativo.

“Em ambos os modelos, estamos seguindo as normas técnicas vigentes para a produção desse tipo de equipamento e atendendo à resolução RDC Nº 356, de 23 de março de 2020, que dispõe, de forma extraordinária e temporária, sobre os requisitos para a fabricação de dispositivos médicos identificados como prioritários para uso em serviços de saúde, em virtude da emergência de saúde pública internacional relacionada ao SARS-CoV-2."

O primeiro protetor é produzido em um processo mais elaborado e definitivo, porém leva mais tempo, enquanto o segundo é feito em um processo simples, sendo possível ser reproduzido por qualquer pessoa que detém de materiais acessíveis e sem ferramentas específicas, informou Karina Bontempo.

“Após a validação desses equipamentos pelos profissionais de saúde do Hospital Universitário, a ideia é disponibilizar tanto o procedimento de confecção como o arquivo digital para uso livre e público, podendo atingir localidades isoladas, ou de difícil acesso a materiais específicos na construção desses protetores”, relatou.

Os modelos impressos são produzidos por meio de três impressoras 3D e um computador que foram deslocados para a Sinfra da UFMA e são operados de forma alternada por alunos e professores dos cursos de BICT e Design da UFMA, de modo que não haja concentração de pessoas no local.

Já o modelo manufaturado será confeccionado pelos alunos do curso de Design em suas próprias residências, que serão posteriormente recolhidos e distribuídos para o HU-UFMA e para outros hospitais no estado que estejam precisando.

Comerciantes locais se disponibilizaram a fazer a doação de insumos necessários à Universidade para a confecção desses protetores, como informou a coordenadora da Fabrique. “Nos dois tipos de Face Shield, há um insumo essencial no processo de confecção, que é o acetato na espessura regulamentar de 0,5 milímetro. Esse produto está em falta no mercado local e com uma procura muito intensa para solicitar a outro estado e/ou país”, comentou.

A Sinfra está trabalhando para realizar aquisição desse material específico em um curto período para a fabricação desses suportes, como destacou Wener Miranda, superintendente de Infraestrutura da UFMA. “A Sinfra está dando todo o suporte logístico às unidades da Universidade que estão empenhadas na construção desses materiais, em prol de atender às demandas dos profissionais de saúde do HU-UFMA”, frisou.

Rede de Solidariedade

Karina Bontempo explicou que, além da produção de protetores faciais e máscaras N95 para atender à demanda dos profissionais do HU-UFMA, existe uma rede maior que reúne makers (pessoas que fazem produtos com seus próprios recursos) de todo o Maranhão, composta por diversos profissionais, instituições públicas e privadas e empresas que trabalham ou estudam a tecnologia de impressão em 3D.

“Nessa rede, trocamos informações para aperfeiçoamento da técnica e apoio mútuo entre os membros. Além de discutirmos técnicas de operação e aperfeiçoamento de modelagem e impressão em 3D. Essa rede de solidariedade dedica seu tempo, conhecimento, seus equipamentos e esforços em prol de alcançar resultados positivos na luta contra o coronavírus”, finalizou.

Doações anteriores

Vale destacar que o curso de Design da UFMA realizou a doação de 15 protetores faciais ao Hospital Universitário que estavam armazenados na Universidade para o uso em oficinas específicas do curso, tendo em vista que as aulas estão suspensas, e poderão ser repostos posteriormente.