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Mensagem de otimismo e agradecimento do reitor Natalino aos profissionais do HU-UFMA

publicado: 08/04/2020 16h31, última modificação: 30/04/2020 11h55

“[...] Olho meus companheiros. Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. [...]” (Mãos dadas, Sentimento do Mundo, Carlos Drummond de Andrade)

Caros colegas,

As palavras do poeta são mais que apropriadas para este momento desafiador, singular, crucial e jamais vivido por nossa geração. Mas acredito que estamos todos no lugar certo. Fomos treinados e moldados para esta hora. Somos apenas humanos, sim, temos nossas fragilidades, mas elas não são maiores que nossa capacidade e nosso ideal de realização. Juntos podemos superar as adversidades. Toda crise traz consigo três elementos: uma oportunidade, um prazo de validade e uma lição de vida.

Com essas palavras, quero motivar a todos (nós), que somos parte essencial do Complexo Hospitalar HUUFMA, tanto aqueles que estão na linha de frente, como os que se encontram trabalhando remotamente. Temos uma direção comprometida e competente e, acima de tudo, focada em cumprir, fielmente, sua missão. Temos um corpo técnico qualificado, dedicado e a confiança da sociedade que olha, com esperança, para nós.

Quero externar meu respeito, minha confiança e gratidão a todos os que colocam seus anseios pessoais, suas relações familiares e suas preocupações profissionais em segundo plano, fiéis ao compromisso de aliviar dores, de salvar vidas e, agora, mais especificamente, de tentar evitar que o vírus se alastre e cause mais perdas irreparáveis. Professores pesquisadores, biólogos, químicos, técnicos administrativos, profissionais da limpeza, da segurança, da alimentação, dos laboratórios, da informática, da comunicação; farmacêuticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos e psicólogos são aliados daqueles que enfrentam diretamente o combate a esta guerra epidemiológica: os médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Os olhos da humanidade estão sobre vocês. Mais consideração, mais dignidade, mais reconhecimento é tudo o que vocês merecem; é tudo aquilo de que precisam. Mas creiam: as mãos do mundo, antenas dos corações, aplaudem esse grande e generoso gesto de abnegação, de profissionalismo e de solidariedade cristã. Não há fortuna que pague esse exercício de amor ao próximo, que se chama fraternidade.

A pandemia está apenas no início. Os números crescem e pressionam o sistema de saúde mundial. Mas, ao contrário de outras épocas, o avanço da tecnologia nos anima a acreditar que, a médio prazo, teremos um remédio, uma vacina, para debelar a Covid-19. A comunidade científica do mundo inteiro está unida no mesmo propósito: oferecer à humanidade uma solução que nos permita voltar a viver em relativa normalidade.

É bem verdade que vivemos dias tenebrosos. O medo nos cerca. A incerteza se insinua. Mas não podemos nos esquecer de que o medo desmedido e irracional paralisa, acovarda e enfraquece o companheiro ao lado. Desmotiva e expõe o pior de nós. Nossa convocação para a luta é parte da vida que abraçamos. Nós, profissionais da saúde, somos a linha de frente. A sociedade, nossa população e aqueles a quem servimos estão, em certa medida, tranquilos, pois sabem a quem recorrer. Mas o nosso SUS, no presente, muito reconhecido, precisa ter mais investimentos. Quando a tempestade se for, que os aplausos de hoje sejam substituídos pela responsabilidade da valorização dos profissionais de saúde. E que as mãos do mundo, antenas e termômetros dos corações, aplaudam os seguidores de Hipócrates. Não há fortuna que compre o exercício do amor ao próximo. E que essa abençoada chama nunca se apague.

Temos, por bem dizer, um tipo de poder: o conhecimento e as habilidades técnicas para ajudar. Mais que isso, sei que temos a vocação, e ela nunca se faz sem coração. Porém não desperdicemos os três elementos que provêm das crises: a oportunidade de nos superarmos; o prazo de validade, porque tudo passa e, entre tantas lições de vida, a seguinte: é preciso criar condições para nos defendermos do inimigo invisível, antes que ele ataque.

Como dizem as palavras do poeta, “não nos afastemos”. “O presente é tão grande, não nos afastemos”. E eu lhes digo: vamos juntos. Unidos. O presente agora para nós é apenas um gigante. Mas nós vamos vencer.

Deus abençoe a cada um de vocês.

Natalino Salgado
Médico Nefrologista e Reitor da UFMA