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"Importante observar os fenômenos no jornalismo na pandemia", afirma docente do PPGCOM

publicado: 06/08/2020 11h29, última modificação: 07/08/2020 17h35

Publicado, originalmente, em 03/08/2020, no site do projeto ciencia.ufma.br.

IMPERATRIZ - Como continuar produzindo pesquisas em tempos de isolamento social? Professores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Maranhão, câmpus Imperatriz, mostram que, apesar da pandemia de COVID-19, as pesquisas científicas não param. Um dos projetos de pesquisa que continuam sendo realizados se propõe a estudar “Mídia e migrações: Narrativas televisivas sobre fluxos migratórios transnacionais no Brasil”, de autoria da Professora Doutora Elaine Javorski, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e do PPGCOM – UFMA, Imperatriz. O objetivo da pesquisa é analisar como são construídas as narrativas sobre os fluxos migratórios transnacionais no telejornalismo brasileiro.

O trabalho aborda o cenário de migrações no Brasil, que é marcado por diversas fases que interferem diretamente na cultura, na economia, na educação e em outros campos sociais. Durantes anos,o país tem sido ponto de chegada de estrangeiros de todos os lugares do mundo, que se tornam alvo da produção midiática. A atual conjuntura, pautada pelo ambiente digital e por fluxos comunicacionais, que geram uma rede de comunicação mais instantânea e abrangente, tem interferido vigorosamente nesse espaço de migração, pois o imigrante pode obter com mais facilidade informações do lugar de destino.

O estudo da Professora Elaine se destina a compreender como as mídias televisivas, nacionais e regionais, reproduzem, midiaticamente, esses fluxos migratórios, entre processos de identidade e representações culturais, além de analisar como esses processos podem ajudar a reforçar, por exemplo, estigmas, estereótipos e preconceitos históricos presentes na ocupação estrangeira no país. A pesquisa analisa o telejornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, e de duas afiliadas da emissora, nos estados do Maranhão e Pará, Bom Dia Maranhão e Bom Dia Pará, respectivamente.

A pesquisa ainda está em andamento, contudo a pesquisadora, em parceria com alunos de iniciação científica e outros pesquisadores da área, já dispõe de resultados preliminares. Javorski tem observado que, de 2014 a 2019, as notícias sobre imigrantes no país são majoritariamente positivas, no entanto esse viés está voltado mais para uma abordagem de entretenimento sem destinar o olhar para questões complexas relacionadas ao fluxo migratório. Além disso, trata-se de conteúdos vindos, em grande parte, de agências de notícias internacionais e não necessariamente dos imigrantes instalados no país.

A autora possui artigos já publicados a respeito do tema que podem apresentar, de forma mais detalhada, alguns desses resultados.  Como exemplo, destaca-se o artigo “O papel do jornalista na seleção e construção da notícia sobre as migrações transnacionais contemporâneas” publicado na revista Brazilian Journalism Research, em 2017.

Além da pesquisa sobre fluxos migratórios na mídia, Elaine vem estudando, também, durante a pandemia, assuntos voltados para jornalismo comunitário e desertos de notícias. De acordo com o Atlas da Notícia de 2019, atualmente, há uma estimativa de que 62,6% dos municípios brasileiros estão em desertos de notícia, ou seja, não possuem nem um veículo ou meio de obtenção de notícias para a população que reside naquela localidade. É partindo dessa realidade que a pesquisadora está trabalhando na produção de dois artigos, procurando entender como se produzem e compartilham notícias sobre a COVID-19 em desertos de notícias e como o jornalismo comunitário pode auxiliar na informação de qualidade, evitando a propagação das chamadas fake news.

Sobre o andamento das pesquisas científicas, mesmo em período de isolamento social, a professora reflete que “é importante observar os fenômenos que ocorrem no jornalismo durante a pandemia. Por isso acho relevante que a gente continue pesquisando e dando andamento às pesquisas e, se possível, voltando o olhar para esse momento especial que vivemos”.

Em relação às atividades acadêmicas para este ano, a professora pretende participar ainda de eventos nacionais, regionais e internacionais, entre eles, o Intercom Regional da Região Norte, o Intercom Nacional, que serão on-line, e o Alaic, evento internacional integrado e oferecido pela Associação Latino-Americana de Investigadores em Comunicação.

Quer saber mais sobre a produção e áreas de estudos da professora Elaine Javorski? Acesse seu perfil no lattes http://lattes.cnpq.br/6694406565412206.